sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Prova - NCE - OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR DO RIO DE JANEIRO - CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA – 2001 – NÍVEL SUPERIOR

Prova comentada por Henrique Nuno


A liberdade e o consumo

Quantos morreram pela liberdade de sua pátria? Quantos foram presos ou espancados pela liberdade de dizer o que pensam? Quantos lutaram pela libertação dos escravos?
No plano intelectual, o tema da liberdade ocupa as melhores cabeças, desde Platão e Sócrates, passando por Santo Agostinho, Spinoza, Locke, Hobbes, Hegel, Kant, Stuart Mill, Tolstoi e muitos outros. Como conciliar a liberdade com a inevitável ação restritiva do Estado? Como as liberdades essenciais se transformam em direitos do cidadão? Essas questões puseram em choque os melhores neurônios da filosofia, mas não foram as únicas a galvanizar controvérsias.
Mas vivemos hoje em uma sociedade em que a maioria já não sofre agressões a essas liberdades tão vitais, cuja conquista ou reconquista desencadeou descomunais energias físicas e intelectuais. Nosso apetite pela liberdade se aburguesou. Foi atraído (corrompido?) pelas tentações da sociedade de consumo.
O que é percebido como liberdade para um pacato cidadão contemporâneo que vota, fala o que quer, vive sob o manto da lei (ainda que capenga) e tem direito de mover-se livremente?
O primeiro templo da liberdade burguesa é o supermercado. Em que pesem as angustiantes restrições do contracheque, são as prateleiras abundantemente supridas que satisfazem a liberdade do consumo (não faz muitas décadas, nas prateleiras dos nossos armazéns ora faltava manteiga, ora leite, ora feijão). Não houve ideal comunista que resistisse às tentações do supermercado. Logo depois da queda do Muro de Berlim, comer uma banana virou ícone da liberdade no Leste Europeu.
A segunda liberdade moderna é o transporte próprio. BMW ou bicicleta, o que conta é a sensação de poder sentar-se ao veículo e resolver em que direção partir. Podemos até não ir a lugar algum, mas é gostoso saber que há um veículo parado à porta, concedendo permanentemente a liberdade de ir, seja aonde for. Alguém já disse que a Vespa e a Lambretta tiraram o fervor revolucionário que poderia ter levado a Itália ao comunismo.
A terceira liberdade é a televisão. É a janela para o mundo. É a liberdade de escolher os canais (restritos em países totalitários), de ver um programa imbecil ou um jogo, ou estar tão perto das notícias quanto um presidente da República - que nos momentos dramáticos pode assistir às mesmas cenas pela CNN. É estar próximo de reis, heróis, criminosos, superatletas ou cafajestes metamorfoseados em apresentadores de TV.
Uma “liberdade” recente é o telefone celular. É o gostinho todo especial de ser capaz de falar com qualquer pessoa, em qualquer momento, onde quer que se esteja. Importante? Para algumas pessoas, é uma revolução no cotidiano e na profissão. Para outras, é apenas o prazer de saber que a distância não mais cerceia a comunicação, por boba que seja.
Há ainda uma última liberdade, mais nova, ainda elitizada: a internet e o correio eletrônico. É um correio sem as peripécias e demoras do carteiro, instantâneo, sem remorsos pelo tamanho da mensagem (que se dane o destinatário do nosso attachment megabáitico) e que está a nosso dispor, onde quer que estejamos. E acoplado a ele vem a web, com sua cacofonia de informações, excessivas e desencontradas, onde se compra e vende, consomem-se filosofia e pornografia, arte e empulhação.
Causa certo desconforto intelectual ver substituídas por objetos de consumo as discussões filosóficas sobre liberdade e o heroísmo dos atos que levaram à sua preservação em múltiplos domínios da existência humana. Mas assim é a nossa natureza, só nos preocupamos com o que não temos ou com o que está ameaçado. Se há um consolo nisso, ele está no saber que a preeminência de nossas liberdades consumistas marca a vitória de havermos conquistado as outras liberdades, mais vitais. Mas, infelizmente, deleitar-se com a alienação do consumismo está fora do horizonte de muitos. E, se o filósofo Joãosinho Trinta tem razão, não é por desdenhar os luxos, mas por não poder desfrutá-los.

(Cláudio de Moura e Castro - Veja 1712, 8/8/01)


1. O primeiro parágrafo do texto apresenta:

a) uma série de perguntas que são respondidas no desenrolar do texto;
b) uma estrutura que procura destacar os itens básicos do tema discutido no texto;
c) um questionamento que pretende despertar o interesse do leitor pelas respostas;
d) um conjunto de perguntas retóricas, ou seja, que não necessitam de respostas;
e) umas questões que pretendem realçar o valor histórico de alguns heróis nacionais.

1. Resposta: D – O primeiro parágrafo do texto apresenta um conjunto de “perguntas retóricas”, ou seja, que não necessitam de respostas. A pergunta retórica é formulada, não com o objetivo de se obter uma resposta, mas com o intuito de despertar o interesse do leitor. Vejamos o que diz sobre isso a professora Regina Célia de Cabral Angelim, em Argumentação, UFRJ: “Essa técnica torna mais participante ,‘sacode” por assim dizer o interlocutor, e funciona como instrumento de sedução, na medida em que a sacudidela tem implicações psicológicas, d trazer o interlocutor para dentro do processo dissertativo, torná-lo simpático à nossa tese”.

Sobre as demais alternativas:

a) Em nenhum momento do texto as questões são respondidas.
b) Esses itens não são discutidos no texto.
c) Não há respostas para essas perguntas.
e) No texto, não há nomes de personagens históricos.

2. Nos itens abaixo, o emprego da conjunção OU (em maiúsculas) só tem nítido valor alternativo em:

a) “Quantos foram presos OU espancados pela liberdade de dizer o que pensam?”;
b) “A segunda liberdade moderna é o transporte próprio, BMW OU bicicleta...”;
c) “...de ver um programa imbecil ou um jogo, OU estar tão perto das notícias...”;
d) “...só nos preocupamos com o que não temos OU com o que está ameaçado.”;
e) “É estar próximo de reis, heróis, criminosos, superatletas OU cafajestes...”.

2. Resposta: B – Na alternativa “b”, o conectivo “ou” indica exclusão (=somente um meio de transporte). É claro que quem usa BMW como meio de transporte, não usa bicicleta, e vice-versa, devido à respectiva condição social.

Nas demais alternativas, o conectivo ou indica adição (= e).

3. O item abaixo que indica corretamente o significado da palavra em maiúsculas no texto é:

a) “...mas não foram as únicas a GALVANIZAR controvérsias.” – discutir;
b) “...comer uma banana virou um ÍCONE da liberdade no Leste europeu.”- fantasia;
c) “...consomem-se filosofia e pornografia, arte e EMPULHAÇÃO.”; grosseria;
d) “...cafajestes METAMORFOSEADOS em apresentadores de TV.” – desfigurados;
e) “...que a distância não mais CERCEIA a comunicação...”- impede.

3. Resposta: E – O vocábulo “cerceia” significa “limita”, “restringe”, “impede”.

Comentário:

a) galvanizar = inflamar, arrebatar, eletrizar;
b) ícone = símbolo, emblema;
c) empulhação = tapeação, engodo, engano;
d) metamorfoseados = transformados.

4. “Como conciliar a liberdade com a inevitável ação restritiva do Estado?”; nesse segmento do texto, o articulista afirma que:

a) o Estado age obrigatoriamente contra a liberdade;
b) é impossível haver liberdade e governo ditatorial;
c) ainda não se chegou a unir os cidadãos e o governo;
d) cidadãos e governo devem trabalhar juntos pela liberdade;
e) o Estado é o responsável pela liberdade da população.

4. Resposta: A – A “inevitável ação restritiva do Estado” significa que, por natureza, o Estado restringe (limita) obrigatoriamente a liberdade. Por causa das leis, não podemos fazer tudo o que porventura desejemos.

5. “...concedendo permanentemente a liberdade de ir, seja AONDE for.”; “...em qualquer momento,

a) ONDE quer que se esteja.” ; o emprego das palavras em maiúsculas mostra que:
b) ONDE e AONDE são palavras equivalentes;
c) AONDE é forma popular (e errada) correspondente a ONDE;
d) a diferença de formas depende da regência do verbo da frase;
e) ó ONDE representa a idéia de lugar; AONDE se refere a locais vagos enquanto ONDE se refere a lugares específicos.

5. Resposta: C – A diferença das formas depende da regência do verbo: usa-se “aonde” com verbos que indicam movimento, que regem a preposição a (ir a, chegar a, dirigir-se a, etc.): “aonde” vamos, aonde chegamos?; usa-se “onde” com verbos que não indicam movimento, que regem preposição diferente de “a” (estar em, morar em, estudar em, etc.): onde moras, onde estudas, onde vives?

Comentário:

Tanto “onde” quanto “aonde” se referem sempre a “lugar”. Estas observações fazem com que se excluam as demais alternativas.

a) não são equivalentes;
b) as duas formas são cultas;
d) e e) ambas as formas se referem a lugar.

6. “O primeiro templo da liberdade burguesa é o supermercado. Em que pesem as angustiantes restrições do contracheque, são as prateleiras abundantemente supridas que satisfazem a liberdade do consumo...”; o segmento sublinhado corresponde semanticamente a:

a) as despesas do supermercado são muito pesadas no orçamento doméstico;
b) os salários não permitem que se compre tudo o que se deseja;
c) as limitações de crédito impedem que se compre o necessário;
d) a inflação prejudica o acesso da população aos bens de consumo;
e) a satisfação de comprar só é permitida após o recebimento do salário.

6. Resposta: B – A oração “em que pesem as angustiantes restrições do contracheque” é “concessiva”, indicando uma restrição ao contracheque, isto é, ao salário que é insuficiente para comprar todos os produtos de que necessitamos.

Comentário:

a) Não há referência ao alto custo dos produtos do supermercado.
c) Não há referência a crédito, mas a contracheque.
d) Não se fala em inflação.
e) Alternativa sem fundamento algum.

7. “Não houve ideal comunista que resistisse às tentações do supermercado”.; com esse segmento do texto o autor quer dizer que:

a) todo ideal comunista se opõe aos ideais capitalistas;
b) a ideologia comunista sofre pressões por parte dos consumidores;
c) os supermercados socialistas são menos variados que os do mundo capitalista;
d) o ideal comunista ainda resiste à procura desenfreada por bens de consumo;
e) as tentações do supermercado abalaram as estruturas capitalistas.

7. Resposta: B – O ideal comunista opõe-se ao consumismo. No entanto, as pessoas desejam consumir os produtos. Portanto, o ideal comunista foi abalado.

Comentário:

a) No texto, não se verifica esta oposição.
c) É verdade que os supermercados socialistas são menos variados que os do mundo capitalista, mas nesse trecho não se faz referência à variedade de produtos.
d) O ideal comunista não resistiu à procura desenfreada por bens de consumo.
e) Não se fala em estruturas capitalistas.

8. “É a liberdade de escolher os canais (restritos em países totalitários),...”; o segmento sublinhado significa que:

a) nos países totalitários a censura impede o acesso à programação capitalista;
b) o número de canais disponíveis é bem menor do que nos países não-totalitários;
c) a televisão, nos países totalitários, é bem de que só poucos dispõem;
d) nos países totalitários todos os canais são do sistema de TV a cabo;
e) nos países totalitários, a TV não sofre censura governamental.

8. Resposta: B – O segmento “restritos em países capitalistas” significa “limitados”, ou seja, em menor número do que em países capitalistas.

Comentário:

a) O trecho não afirma que a informação é restrita, o que caracterizaria a censura, mas, sim, que os canais é que são restritos.
c) O trecho não afirma que poucos dispõem de televisão nos países totalitários.
d) Não se deduz tal afirmativa do texto, o que seria um absurdo.
e) Neste trecho não há menção a censura.


9. “Há ainda uma última liberdade, mais nova, ainda elitizada:...”; o item abaixo em que as vírgulas são empregadas pelo mesmo motivo das que aparecem nesse segmento destacado do texto é:

a) “O que é percebido como liberdade para um pacato cidadão contemporâneo que vota, fala o que quer, vive sob o manto da lei...”;
b) “Logo depois da queda do muro de Berlim, comer uma banana virou um ícone da liberdade no Leste Europeu.”;
c) “A segunda liberdade moderna é o transporte próprio, BMW ou bicicleta, o que conta é a sensação de poder sentar-se ao veículo...”;
d) “É estar próximo de reis, heróis, criminosos, superatletas ou cafajestes...”;
e) “Para outras, é apenas o prazer de saber que a distância não mais cerceia a comunicação, por boba que seja.”

9. Resposta: C – No enunciado, as vírgulas servem para separar o “aposto explicativo” (explica o termo anterior - liberdade); o mesmo ocorre na alternativa c o aposto “BMW ou bicicleta” explica o “transporte próprio”.

Comentário:

a) separam orações de mesma função sintática;
b) separa adjunto adverbial deslocado (antecipado);
d) separa termos de uma enumeração;
e) a primeira vírgula separa o “adjunto adverbial deslocado”; a segunda, “oração adverbial concessiva”.


10. A frase abaixo que se encontra na voz passiva é:

a) “Quantos morreram pela liberdade de sua pátria?”;
b) “Quantos foram presos ou espancados pela liberdade de dizer o que pensam?”;
c) “Quantos lutaram pela libertação dos escravos?”;
d) “O primeiro templo da sociedade burguesa é o supermercado.”;
e) “...a maioria já não sofre agressões a essas liberdades tão vitais,...”.

10. Resposta: B – Na voz passiva analítica, o sujeito é “paciente” e há uma locução verbal formada pelo verbo ser + particípio: “Quantos (sujeito paciente) foram (verbo ser) presos (particípio) ou espancados (particípio) pela liberdade de dizer o que pensam?

Na voz ativa essa frase ficaria assim: Pela liberdade de dizer o que pensam, prenderam ou espancaram quantos?
11. O item abaixo em que o vocábulo SE desempenha o mesmo papel sintático do que exerce no segmento “...onde quer que SE esteja.” é:

a) “Como as liberdades essenciais SE transformam em direitos do cidadão?”;
b) “Nosso apetite pela liberdade SE aburguesou.”;
c) “...e tem o direito de mover-SE livremente?”;
d) “...o que conta é a sensação de poder sentar-SE ao veículo...”;
e) “...onde SE compra e vende, consomem-se filosofia e pornografia...”.

Resposta: E – O “se”, com verbos intransitivos, verbos de ligação e verbos transitivos indiretos, chama-se “índice de indeterminação dos sujeito”. No enunciado, o verbo “estar” é intransitivo (porque não tem predicativo do sujeito, mas simplesmente está acompanhado de adjunto adverbial de lugar).
Geralmente o verbo “compra” e o “vender” são transitivos diretos, ou seja, possuem “um objeto direto”. Nesse caso, o “se” é “pronome apassivador”: Compram-se e vendem-se objetos = Objetos são comprados e vendidos. No entanto, na alternativa “e”, esses verbos são intransitivos, pois não têm objeto direto; são apenas acompanhados de adjunto adverbial de lugar (onde). Sendo assim (verbos intransitivos) o “se” é “índice de indeterminação do sujeito”.

Comentário:

a) parte integrante do verbo (sem função sintática ) – o pronome “se” acompanha os verbos pronominais, como se fizesse parte deles;
b) pronome reflexivo (= a si mesmo) – exerce a função sintática de objeto direto;
c) pronome reflexivo ( = si mesmo) – exerce a função de objeto direto;
d) parte integrante do verbo.

12. “Para outras, é apenas o prazer de saber que a distância não mais cerceia a comunicação, por boba que seja.”; a frase abaixo em que há uma forma, ligada aos verbos terminados em –ear, grafada ERRADAMENTE é:

a) É perigoso que passeiemos à noite;
b) A civilização sofre freadas em seu progresso;
c) O homem receoso não luta pela liberdade;
d) Todos nós ceamos no Natal;
e) É injusto que os países totalitários cerceiem a comunicação.

12. Resposta: A – Presente do subjuntivo de “passear”: eu passeie, tu passeies, ele passeie, nós passeemos, vós passeeis, eles passeiem.

13. “Causa certo desconforto intelectual ver substituídas por objetos de consumo as discussões filosóficas sobre liberdade e o heroísmo dos atos que levaram à sua preservação em múltiplos domínios da existência humana.”; o comentário correto a respeito desse segmento do texto é:

a) os sujeitos de “causa” e “levaram” estão pospostos;
b) “substituídas” é adjetivo que só se refere semanticamente ao substantivo “discussões”;
c) o pronome “sua” se refere semanticamente a “heroísmo”;
d) “substituídas” e “heroísmo” são vocábulos acentuados pela mesma razão;
e) o pronome relativo “que” tem por antecedente “heroísmo”.

13. Resposta: D – Acentuam-se pela mesma razão: o “i” e o “u” dos hiatos quando estiverem sozinhos na sílaba ou seguidos de “s”: subs-ti-tu-í-das (i sozinho) / he-ro-ís-mo (i seguido de s).

Comentário:

a) O sujeito de “causa” está posposto (= ver substituídas por objetos de consumo as discussões filosóficas sobre liberdade e o heroísmo dos atos que levaram à sua preservação em múltiplos domínios da existência humana); o sujeito de “levaram” está anteposto ( = que, referindo-se semanticamente a “atos”).
b) O adjetivo “substituídas” refere-se semanticamente a “discussões” e a “heroísmo”.
c) O pronome “sua” refere-se a “liberdade” (= ...levaram à preservação da liberdade).
e) O pronome “que” tem como antecedente “atos” ( = os atos (que) levaram à sua preservação...).

14. “E acoplado a ele vem a web, com sua cacofonia de informações, excessivas e desencontradas...”; cacofonia (neste segmento usado figuradamente) é “qualquer efeito desagradável ao ouvido em uma seqüência de palavras” (Michaelis – Moderno dicionário da língua portuguesa, SP, Melhoramentos, 1998). O item abaixo que pode ser exemplo de cacofonia é:

a) A liberdade, como a concebo, não se confunde com o consumismo.
b) Uma das liberdades modernas é a de ir e vir.
c) A natureza humana se preocupa quando aparece algum perigo.
d) Quando não se pode desfrutar o luxo, começa-se a desdenhar dele.
e) A liberdade foi corrompida pela sociedade de consumo.

14. Resposta: A – O segmento “como o com sebo” pode ler-se “como-o com sebo” (= come alguma coisa com sebo).

15. “...consomem-se filosofia e pornografia, arte e empulhação.”; a forma abaixo que modifica o sentido desse segmento do texto é:

a) filosofia e pornografia, arte e empulhação são consumidas;
b) consomem-se não só filosofia e pornografia, como também arte e empulhação;
c) consome-se filosofia e pornografia, arte e empulhação;
d) consomem-se filosofia, pornografia, arte e empulhação;
e) filosofia e pornografia são consumidas como arte e empulhação.

15. Resposta: E – O enunciado diz que são consumidas quatro coisas: filosofia, pornografia, arte, empulhação; na alternativa “e”, afirma-se que se consomem apenas duas: filosofia e pornografia (como se fossem arte e empulhação).

Comentário:

a) Houve apenas a troca da voz passiva sintética (verbo transitivo direto + se) pela voz passiva analítica (verbo ser + particípio).
b) A expressão “não só.... como também” indica adição.
c) O verbo “consumir” concorda com o núcleo do sujeito mais próximo (o que também é correto).
d) Houve somente a supressão de uma conjunção (e), o que não prejudica o sentido da frase.

16. “Essas questões puseram em choque os melhores neurônios da filosofia...”; esse segmento significa que:

a) os maiores filósofos se opuseram nas discussões sobre liberdade;
b) a liberdade e o consumo sempre foi motivo de discussão entre filósofos;
c) as questões citadas foram motivo de muitas preocupações filosóficas;
d) os filósofos brigaram entre si por causa da liberdade de consumo;
e) as perguntas sobre liberdade foram respondidas pelos melhores filósofos.

16. Resposta: A – O vocábulo “choque” significa “oposição”; há “metonímia” (substituição de um termo por outro, havendo entre eles afinidade) no uso da palavra “neurônios”, que significa os “cérebros”, os “melhores” (= os melhores filósofos).

Observemos que no parágrafo anterior havia a expressão “as melhores cabeças” (com o mesmo significado de “os melhores neurônios”) ligada a filósofos, que discutiam a liberdade. Observemos ainda a frase “Como as liberdades essenciais se transformam em direitos do cidadão? Essas questões (= sobre as liberdades essenciais) puseram em choque (em oposição) os melhores neurônios da filosofia (= os melhores filósofos), mas não foram as únicas a galvanizar controvérsias. Portanto, esse segmento significa que os maiores filósofos se opuseram nas discussões sobre liberdade.

17. O item em que NÃO está presente uma crítica do jornalista é:

a) “Foi atraído (corrompido?) pelas tentações da sociedade de consumo.”;
b) “...vive sob o manto da lei (ainda que capenga)...”;
c) “...de ver um programa imbecil ou um jogo,...”;
d) “...consomem-se filosofia e pornografia, arte e empulhação.”;
e) “O primeiro templo da sociedade burguesa é o supermercado,...”.

17. Resposta: E – O autor, ao dizer que “O primeiro templo da sociedade burguesa é o supermercado” faz apenas uma afirmação, isto é, defende uma tese, que irá provar, usando argumentos sem nenhum juízo de valor.

Comentário:

Nas demais alternativas, há palavras de sentido negativo, que comprovam as críticas:

a) corrompido;
b) capenga;
c) imbecil;
d) pornografia / empulhação.

18. “O que é percebido como liberdade para um pacato cidadão contemporâneo que vota, fala o que quer, vive sob o manto da lei (ainda que capenga) e tem o direito de mover-se livremente?”; segundo o texto, a resposta abaixo que é INADEQUADA é:

a) a liberdade de consumo;
b) a liberdade de movimento;
c) a liberdade de comunicação;
d) a liberdade política;
e) a liberdade religiosa.

18. Resposta: E - Em nenhum momento do texto há alusão a liberdade religiosa.

Comentário:

Todas as demais alternativas são comprovadas pelo texto:

a) a liberdade de consumo: “O primeiro templo da liberdade burguesa é o supermercado”;
b) a liberdade de movimento: “há um veículo parado à porta, concedendo permanentemente a liberdade de ir, seja aonde for”;
c) a liberdade de comunicação: “Uma “liberdade” recente é o telefone celular. É o gostinho todo especial de ser capaz de falar (= comunicar-se) com qualquer pessoa, em qualquer momento, onde quer que se esteja” / “Há ainda uma última liberdade, mais nova, ainda elitizada: a internet e o correio eletrônico”;
d) a liberdade política: “Se há um consolo nisso, ele está no saber que a preeminência de nossas liberdades consumistas marca a vitória de havermos conquistado as outras liberdades (a liberdade política está incluída), mais vitais”.

19. O item em que o autor do texto NÃO faz crítica direta ou indireta aos regimes não-democráticos é:

a) “Não houve ideal comunista que resistisse às tentações do supermercado.”;
b) “Logo depois da queda do Muro de Berlim, comer uma banana virou um ícone da liberdade no Leste Europeu.”;
c) “Alguém já disse que a Vespa e a Lambretta tiraram o fervor revolucionário que poderia ter levado a Itália ao comunismo.”;
d) “Como conciliar a liberdade com a inevitável ação restritiva do Estado? Como as liberdades essenciais se transformam em direitos do cidadão?”;
e) “É a liberdade de escolher os canais (restritos em países totalitários), ...”.

19. Resposta: D – A crítica feita nesta alternativa refere-se ao Estado em geral, independente de ser democrático ou não: qualquer Estado, por natureza, com suas leis, restringe a liberdade do cidadão.

Comentário:

a) O ideal comunista pressupõe combate ao consumismo. No entanto, as pessoas deslumbraram-se pelos produtos expostos.
b) O vocábulo “ícone” significa “símbolo”, “emblema”. Geralmente, temos como símbolo motivos grandiosos ou pessoas que se destacam na vida nacional ou mundial. Dizer que comer uma banana (ato tão simples e corriqueiro) virou ícone da liberdade no Leste Europeu é uma grande crítica aos regimes totalitários, que não permitiam as mais simples liberdades.
c) Com essa frase, o autor quis dizer que os italianos foram seduzidos pelo capitalismo, ignorando as reivindicações a que tinham direito.
e) Ao contrário dos países democráticos, que têm várias opções de canais de televisão, essa liberdade de escolha é limitada nos países não-democráticos.

20. “Mas, infelizmente, deleitar-se com a alienação do consumismo está fora do horizonte de muitos.”; o comentário adequado a esse segmento do texto é:

a) “infelizmente” revela uma opinião do jornalista sobre o enunciado no segmento do texto;
b) o consumismo é visto como fonte de alienação;
c) muitos desejam ser consumistas, mas não podem sê-lo;
d) o consumismo é também produtor de prazer para muitos;
e) os “muitos” a que se refere o texto são os que vivem em regimes não-capitalistas.

20. Resposta: E – Embora o autor afirme que “Causa certo desconforto intelectual ver substituídas por objetos de consumo as discussões filosóficas sobre liberdade e o heroísmo dos atos que levaram à sua preservação em múltiplos domínios da existência humana”, mais adiante ele diz que “Se há um consolo nisso, ele está no saber que a preeminência de nossas liberdades consumistas marca a vitória de havermos conquistado as outras liberdades, mais vitais”. Isso significa que já obtivemos todas as outras liberdades. Em seguida, o autor lamenta “que deleitar-se com a alienação do consumismo está fora do horizonte de muitos”. “Esses muitos “ são os que vivem em países não-capitalistas, cuja liberdade de consumo é restrita.

Comentário:

a) O vocábulo “infelizmente” refere-se ao fato de muitos não poderem consumirem o que desejam.
b) O vocábulo “alienação” está usado em sentido figurado.
c) Não é que muitos desejem ser consumistas; o que o texto afirma é que muitos desejam ter acesso a todos os produtos.
d) Esse trecho não diz que o consumismo é também fonte de prazer para muitos.

5 comentários:

WALTER disse...

VAI TOMAR NO SEU SÍMBOLO QUÍMICO DO COBRE, PROVA LONGA DO BARALHO.

Unknown disse...

Bem completo o conteúdo, me ajudou muito.

Anônimo disse...

só vim falar que lição em casa e muito chato adeus

DALVANI disse...

Obrigado me ajudou muito.

Unknown disse...

Fui procurar uma pergunta, achei a prova toda