quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CESPE – Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – Administrador – 2008 – Nível Superior

CESPE – Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – Administrador – 2008 – Nível Superior

Trabalho escravo: longe de casa há muito mais de uma semana

1. O resgate de trabalhadores encontrados em situação
2. degradante é uma rotina nas ações do Grupo Especial Móvel
3. de Combate ao Trabalho Escravo, do MTE. Desde que
4. iniciou suas operações, em 1995, já são mais de 30 mil
5. libertações de trabalhadores submetidos a condições
6. desumanas de trabalho. “Chamou-me a atenção o caso de um
7. trabalhador que há 30 anos não via a família”, lembra
8. Cláudio Secchin, um dos oito coordenadores das operações
9. do Grupo Móvel. Natural de Currais Novos, no Rio Grande
10. do Norte, José Galdino da Silva – Copaíba, como gosta de
11. ser chamado – saiu de casa com 10 anos de idade para
12. trabalhar no Norte. Nunca estudou. Durante 40 anos, veio
13. passando de fazenda em fazenda, de pensão em pensão,
14. trabalhando com derrubada de mata e roça de pasto. Nunca
15. teve a carteira de trabalho assinada e perdeu a conta de
16. quantas vezes não recebeu pelo trabalho que fez. Copaíba
17. nunca se casou nem teve filhos. “Não conseguia dormir
18. direito por não conseguir juntar dinheiro sequer para retornar
19. à minha cidade e rever a família”, relatou. Quando uma
20. fazenda no município paraense de Piçarras foi fiscalizada em
21. junho deste ano, Copaíba foi localizado pelo Grupo Móvel,
22. resgatado e recebeu de indenização trabalhista mais de
23. R$ 5 mil.
Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 40-2 (com adaptações).

Acerca dos aspectos estruturais e linguísticos e dos sentidos do texto acima, julgue os itens a seguir.

1. Empregam-se, no texto, alguns elementos estruturais da narrativa que, nesse caso, são fundamentais para a consolidação de sua natureza informativa e jornalística.

1. Item Correto – O relato (narração) da história de Copaíba contribui para a credibilidade das informações do texto, ou seja, a vida de José Galdino da Silva comprova a escravidão existente no Brasil e a libertação de trabalhadores que viviam em situações degradantes.

Elementos da narrativa
São elementos básicos da narrativa: as personagens (inclusive o narrador), o enredo e a localização temporal e espa¬cial.
1. Narrador: é o elemento que estrutura o enredo. É quem conta a história. Pode ser:
a) narrador de 1ª pessoa: participa da história, podendo ser personagem principal ou secundária.
b) narrador de 3ª pessoa observador: não se inclui na narrativa. O narrador observador apenas relata os fatos de uma forma objetiva.
c) narrador de 3ª pessoa onisciente: não se inclui na narrativa, mas não só relata os fatos, como também revela os sentimentos, emoções e intenções das personagens.
2. Enredo: é o conjunto de acontecimentos que formam a história. Também é chamado de intriga, ação, história, fá¬bula (quando tem animais como persona¬gens).
3. Personagens: são seres com caracterís¬ticas físicas e psicológicas determinadas que atuam na narrativa. Podem ser prin¬cipais ou secundárias, de acordo com a importância na narrativa.
4. Ambiente (ou local, ou espaço): é o espaço físico e social, onde se passa a narrativa. Físico é o lugar onde acontece a narrativa; social é um cenário com carac¬terísticas socioeconômicas, morais, psico¬lógicas, em que habitam as personagens.
5. Tempo: é o elemento que se refere à seqüência da narrativa. Divide-se em:
a) cronológico – transcorre na ordem natu¬ral dos fatos; é linear, mensurável.
b) psicológico – é retrospectivo, de acordo com as lembranças e intenções do narrador ou personagens, isto é, a ordem natural dos acontecimentos é alterada.
(Gramática essencial para concursos. Henrique Nuno Fernandes)

2. De acordo com as informações apresentadas no texto, Copaíba foi vítima do crime de trabalho infantil e não apenas do trabalho escravo.

2. Item Correto – Copaíba não só foi vítima do trabalho escravo, visto que sempre trabalhou sem carteira assinada e muitas vezes seu trabalho não foi renumerado, mas também foi vítima do crime de trabalho infantil, pois começou a trabalhar aos dez anos de idade.

3. A relação entre o título do texto e o seu conteúdo está baseada em referências espaciais e temporais que ligam o trabalho escravo à história de vida de Copaíba.

3. Item Correto – A relação entre o título do texto e o seu conteúdo está baseada em referências espaciais e temporais que ligam o trabalho escravo à história de vida de Copaíba: no título – longe de casa (lugar), há muito mais de uma semana (tempo); no conteúdo – de fazenda em fazenda pelo Brasil afora (lugar), 40 anos (tempo).

4. Infere-se do texto que as relações de trabalho análogas ao trabalho escravo no Brasil diminuíram muito a partir de 1995.

4. Item Errado – O fato de as operações do Grupo Especial Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, do MTE, terem começado em 1995 não comprova a diminuição do trabalho escravo a partir dessa data, visto que o "resgate de trabalhadores encontrados em situação degradante" continua sendo "uma rotina".

5 Com o emprego da locução verbal “veio passando” (l.12-13) e a forma verbal “trabalhando” (l.14), associadas ao conjunto do texto, reforça-se a idéia de que foi longo o tempo de exercício do trabalho escravo na vida de Copaíba.

5. Item Correto – A locução verbal "veio passando" e a forma verbal “trabalhando” indicam ações cursivas, isto é, que se estenderam por etapas sucessivas (durante 40 anos) – o longo tempo de exercício do trabalho escravo na vida de Copaíba.

6. O sinal indicativo de crase em ‘retornar à minha cidade’ (l.18-19) é facultativo e a sua omissão preservaria os sentidos do texto e a correção das estruturas lingüísticas.

6. Item Correto – A crase é facultativa antes de pronomes possessivos adjetivos no singular (minha, tua, nossa e vossa), uma vez que a presença de artigo antes desses pronomes é opcional (retornar à minha cidade / retornar ao meu bairro OU retornar a minha cidade / retornar a meu bairro).

1. No Brasil, apesar da pressão do desemprego, que
2. tem atingido níveis altíssimos, a fiscalização do trabalho e a
3. justiça do trabalho estão empenhadas em uma luta para
4. preservar o direito do trabalhador ao emprego com registro,
5. tratando de coibir as formas atípicas de emprego,
6. especialmente a do trabalho cooperativado. As cooperativas
7. de trabalho são denunciadas como falsas, como pretensas
8. cooperativas, criadas unicamente para privar os
9. trabalhadores dos seus direitos legais. Apesar da ação
10. vigorosa de fiscais, procuradores e juízes do trabalho, o
11. número dos que gozam do direito ao emprego com registro
12. não cessa de diminuir. Na realidade, nem todas as
13. cooperativas de trabalho contratadas por firmas são falsas.
14. Um bom número delas são formadas por trabalhadores
15. desempregados, que disputam os seus antigos empregos
16. contra intermediadoras de mão-de-obra. Para eles, a perda
17. dos direitos já é um fato consumado e, se forem obrigados a
18. se empregar nas terceirizadas, possivelmente sofrerão, além
19. disso, acentuada perda de salário direto. Outras cooperativas
20. de trabalho são formadas por trabalhadores que estavam
21. assalariados por empresas intermediadoras e que preferiram
22. se organizar em cooperativa para se apoderar de parte do
23. ganho que aquelas empresas auferem a suas custas. Essas
24. considerações não pretendem indicar que a luta contra a
25. precarização é inútil, mas que ela carece de bases legais para
26. realmente coibir a perda incessante de direitos por cada vez
27. mais trabalhadores. O fulcro da questão é que ou garantimos
28. os direitos sociais a todos os trabalhadores, em todas as
29. posições na ocupação – assalariados, estatutários,
30. cooperantes, avulsos, terceirizados etc. – ou será cada vez
31. mais difícil garanti-los para uma minoria cada vez menor de
32. trabalhadores que hoje têm o status de empregados
33. regulares.
Paul Singer. Em defesa dos direitos dos trabalhadores. Brasília:MTE, Secretaria de Economia Solidária, 2004, p. 4 (com adaptações).

Com relação aos sentidos e às estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens de 7 a 14.

7. Infere-se do texto que, na atualidade, os direitos sociais dos trabalhadores brasileiros podem se transformar em privilégio garantido a poucos.

7. Item Correto – De acordo com o texto, na atualidade os direitos sociais dos trabalhadores brasileiros podem-se transformar em privilégio garantido a poucos: "O fulcro da questão é que ou garantimos os direitos sociais a todos os trabalhadores, em todas as posições na ocupação – assalariados, estatutários, cooperantes, avulsos, terceirizados etc. – ou será cada vez mais difícil garanti-los para uma minoria cada vez menor de trabalhadores que hoje têm o status de empregados regulares".

8. Está confirmado no texto a existência de formas diversas de trabalho cooperativado no Brasil atual: as cooperativas falsas — criadas para privar os trabalhadores de seus direitos legais —, as que são criadas por trabalhadores desempregados e as formadas por trabalhadores que optaram pela forma do trabalho cooperativado.

8. Item Correto - De acordo com o texto, existem formas diversas de trabalho cooperativado no Brasil atual: 1. as cooperativas falsas – criadas para privar os trabalhadores de seus direitos legais ("As cooperativas de trabalho são denunciadas como falsas, como pretensas cooperativas, criadas unicamente para privar os trabalhadores dos seus direitos legais"); as que são criadas por trabalhadores desempregados ("Um bom número delas são formadas por trabalhadores desempregados, que disputam os seus antigos empregos contra intermediadoras de mão-de-obra"); as formadas por trabalhadores que optaram pela forma do trabalho cooperativado ("Outras cooperativas de trabalho são formadas por trabalhadores que estavam assalariados por empresas intermediadoras e que preferiram se organizar em cooperativa para se apoderar de parte do ganho que aquelas empresas auferem a suas custas").

9. A luta da fiscalização e da justiça do trabalho “para preservar o direito do trabalhador ao emprego com registro” (l.3-4) é inócua, uma vez que as formas atípicas de trabalho não cessam de crescer.

9. Item Errado – Não é inócua (= inútil) a luta da fiscalização e da justiça do trabalho “para preservar o direito do trabalhador ao emprego com registro”. O autor do texto usa uma estrutura concessiva ("apesar da pressão do desemprego, que tem atingido níveis altíssimos") admitindo um argumento contrário – a pressão do desemprego, que tem atingido níveis altíssimos – para concluir que é importante essa luta da fiscalização e da justiça do trabalho. Além disso, o enunciador do texto afirma que "Essas considerações não pretendem indicar que a luta contra a precarização é inútil, mas que ela carece de bases legais para realmente coibir a perda incessante de direitos por cada vez mais trabalhadores".

10. Caso se inserisse uma vírgula logo após “trabalhadores” (l.20) o sentido expresso no trecho seria preservado.

10. Item Errado – No texto, as orações "que estavam assalariados por empresas intermediadoras" e "que preferiram se organizar em cooperativa para se apoderar de parte do ganho que aquelas empresas auferem a suas custas" são adjetivas restritivas (sem vírgulas), isto é, limitam o sentido do termo "trabalhadores", o que significa que as cooperativas de trabalho são formadas SOMENTE por trabalhadores "que estavam assalariados por empresas intermediadoras" e "que preferiram se organizar em cooperativa para se apoderar de parte do ganho que aquelas empresas auferem a suas custas", deduzindo-se, portanto, que existem trabalhadores que NÂO estavam assalariados por empresas intermediadoras NEM preferiram organizar-se em cooperativas. Caso se inserisse uma vírgula depois de "trabalhadores", as orações subsequentes passariam a ser adjetivas explicativas, o que modificaria o sentido original do texto: essas orações expressariam uma característica a todos os trabalhadores: TODOS os trabalhadores estavam assalariados por empresas intermediadoras e preferiram se organizar em cooperativa.

11. O trecho “Um bom número delas são formadas por trabalhadores desempregados” (l.14-15) expressa a idéia de que cada cooperativa falsa é formada por um grande número de trabalhadores sem emprego.

11. Item Errado – O segmento “Um bom número delas são formadas por trabalhadores desempregados” significa que muitas cooperativas são compostas por trabalhadores desempregados. Observemos que a expressão "Um grande número" refere-se a "cooperativas" e não, a "trabalhadores desempregados".

12. A utilização do verbo na forma reflexiva em “se empregar” (l.18) enfatiza, nesse contexto, o sentido de que os trabalhadores têm liberdade de optar por trabalhar em empresas terceirizadas ou não.

12. Item Errado – No contexto, a forma verbal pronominal "empregar-se", precedida da locução verbal "forem obrigados" indica que os trabalhadores não têm liberdade de optar por trabalhar em empresas terceirizadas ou não. Ao contrário, só teriam uma opção de emprego.

13. (adaptada) As alternativas expressas entre as linhas 27 e 33 complementam o sentido do sujeito da oração “O fulcro da questão é” (l.27).

13. Item Correto – O trecho expresso entre as linhas 27 e 33 funciona como predicativo do sujeito de "O fulcro da questão".

14. O acento na forma verbal “têm” (l.32) justifica-se porque o autor do texto se refere a todos os trabalhadores brasileiros.

14. Item Errado – O verbo "ter" está no plural ("têm) para referir-se não a "todos os trabalhadores brasileiros", mas com "uma minoria cada vez menor de trabalhadores".

Declaração de ministros do trabalho do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) na Conferência Regional de Emprego

1. CONSIDERANDO:
2. (...) Que o desafio do MERCOSUL é colocar o
3. emprego de qualidade no centro das estratégias de
4. desenvolvimento, para construir instrumentos de intervenção
5. relevantes para a inclusão social.
6. (...)
7. POR ISSO: OS MINISTROS DE TRABALHO, no
8. marco da CONFERÊNCIA REGIONAL DE EMPREGO
9. convocada pela Comissão Sociolaboral do MERCOSUL,
10. DECLARAM:
11. (...)
12. Art. 2.º Promover nos países-membros o
13. desenvolvimento de políticas nacionais de emprego,
14. orientadas prioritariamente em torno dos seguintes objetivos:
15. (...)
16. g) redução substancial das diferenças de gênero,
17. promovendo a diminuição das disparidades existentes entre
18. homens e mulheres no mundo do trabalho, e impulsionando
19. a coordenação de políticas de igualdade de oportunidades e
20. de combate a todas as formas de discriminação no emprego;
21. (...)
22. Art. 9.º Os Ministros do Trabalho do MERCOSUL
23. elevam a presente Declaração ao Conselho Mercado
24. Comum, para seu conhecimento e consideração.
25. Buenos Aires, 16 de abril de 2004.
26. ARGENTINA
27. Dr. CARLOS A. TOMADA
28. Ministro do Trabalho, Emprego e Seguridade Social
29. BRASIL
30. Dr. RICARDO BERZOINI
31. Ministro do Trabalho e Emprego
32. URUGUAI
33. Dr. SANTIAGO PEREZ DEL CASTILLO
34. Ministro do Trabalho e Seguridade Social
35. PARAGUAI
36. Dr. JUAN DARIO MONGES
37. Ministro da Justiça e Trabalho
Na trilha de Salvador: a inclusão social pela via do trabalho decente.Brasília: MTE, Assessoria Internacional, 2004, p. 51-4 (com adaptações).

Quanto aos sentidos e aos aspectos estruturais e lingüísticos do texto acima, julgue os itens de 15 a 20.

15. O texto apresenta características formais que permitem classificá-lo como documento oficial.

15. Item Correto – O texto em questão é um documento oficial: declaração.

16. É correto inferir que as propostas apresentadas nesse texto têm força de lei, o que implicou o seu cumprimento imediato no mundo concreto do trabalho nos países do MERCOSUL a partir de 16 de abril de 2004.

16. Item Errado – As propostas apresentadas nesse texto não têm força de lei, são apenas uma declaração de vontade.

17. Os autores do texto consideram que o problema do desemprego é um desafio para o MERCOSUL porque eles partem do pressuposto de que as relações de trabalho de qualidade podem se desenvolver sem que sejam promovidas estratégias de inclusão social relevantes.

17. Item Errado – Para que as relações de trabalho de qualidade se possam desenvolver, é necessário que sejam promovidas estratégias de inclusão social relevantes: "o desafio do MERCOSUL é colocar o emprego de qualidade no centro das estratégias de desenvolvimento, para construir instrumentos de intervenção relevantes para a inclusão social".

18. Infere-se do texto que, na Argentina, no Brasil, no Uruguai e no Paraguai, as relações entre homens e mulheres no mundo do trabalho ainda apresentam disparidades quanto à oportunidade de emprego.

18. Item Correto – É correta a inferência de que na Argentina, no Brasil, no Uruguai e no Paraguai, as relações entre homens e mulheres no mundo do trabalho ainda apresentam disparidades quanto à oportunidade de emprego, uma vez que existe a proposta de "redução substancial das diferenças de gênero, promovendo a diminuição das disparidades existentes entre homens e mulheres no mundo do trabalho", nos países pertencentes ao MERCOSUL, dos quais a Argentina, o Brasil, o Uruguai e o Paraguai fazem parte.

19. O emprego das maiúsculas em “MERCOSUL” (l.2), assim como em outras palavras do texto, contraria as normas abonadas pela ortografia oficial da língua portuguesa.

19. Item Errado – O emprego das maiúsculas em “MERCOSUL”, assim como em outras palavras do texto, é abonado pela ortografia oficial da língua portuguesa: MERCOSUL – escrevem-se com letra maiúscula as siglas que, apesar de compostas de consoante e de vogal, são pronunciadas mediante a acentuação das letras; nos demais casos as palavras estão em caixa alta para dar maior valorização à mensagem veiculada.

20. A substituição da palavra “Sociolaboral” (l.9) pela expressão do Trabalho Social manteria o sentido do vocábulo e estaria gramaticalmente correta.

20. Item Correto – A substituição da palavra “Sociolaboral” pela expressão do Trabalho Social manteria o sentido do vocábulo e estaria gramaticalmente correta, uma vez que na composição do vocábulo "Socioliberal" existem os elementos "socio" (de "social") e "laboral" (relativo a "trabalho").

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

LIvro "Português para concursos: questões comentadas do CESPE"


Livro: Português para Concursos: questões comentadas do CESPE
Autor: Henrique Nuno Fernandes
Editora: Mizuno







Sinopse




O objetivo deste livro é ajudar o aluno a preparar-se para qualquer concurso público. A análise de todas as questões é feita de maneira objetiva e simples, acompanhada de fundamentação teórica.

São aqui abordados os seguintes temas: compreensão e interpretação de textos; estruturação dos textos: modos e tipos textuais; coesão e coerência textuais; ortografia oficial; acentuação gráfica; emprego das classes de palavras; emprego do sinal indicativo de crase; sintaxe da oração e do período; pontuação; concordância nominal e verbal; regência nominal e verbal; adequação vocabular: antônimos, sinônimos, homônimos, parônimos, hiperônimos e hipônimos; anáfora e dêixis; redação de correspondências oficiais; significação das palavras; colocação pronominal; linguagem figurada; problemas na escritura das frases: ambiguidade e paralelismo; variação linguística; intertextualidade.




Ano: 2009

Edição: 1ª edição

Número de Páginas: 356

Peso: 0,428 kg

Altura: 21 cm

Largura: 14 cm

Profundidade: 2 cm

Acabamento: Brochura

I.S.B.N.: 978-85-7789-057-6

Código de Barras: 9788577890576


CM Consultoria :: Cm news
www.cmconsultoria.com.br

CM News12/09/2009 09:09:00

Livros Jurídicos
12/09/2009 - Livros Jurídicos


Português para Concursos
HENRIQUE NUNO DA SILVA FERNANDES
Editora: JH Mizuno (0/xx/19/3571-0420) Preço: R$ 60, 356 págs.
São questões destinadas a certames de especialidades variadas, acompanhadas de sua fundamentação.

Fonte: Folha de São Paulo

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

COSEAC / UFF – Junta Comercial do Estado do Espírito Santo / JUCEES – Técnico de Registro Empresarial – Nível Médio – 2009

COSEAC / UFF – Junta Comercial do Estado do Espírito Santo / JUCEES – Técnico de Registro Empresarial – Nível Médio – 2009

1. A crise já fez o consumidor brasileiro mudar de hábitos. As roupas novas deram lugar a remodelagens de peças antigas esquecidas no armário. Outros optaram por vendê-las em brechós. O dinheiro aplicado no banco foi resgatado para adquirir um carro usado, que já está vendendo mais que os similares zero quilômetro. De acordo com os empresários do setor, os automóveis de segunda mão registraram alta nos negócios de 10% a 15% com queda entre 10% e 20% nos preços, contra um recuo de 5% no valor dos automóveis novos.

2. Nos sites de compras da internet, a procura por eletroeletrônicos, roupas e artigos em geral aumentou no terceiro trimestre deste ano. De acordo com dados do Mercado Livre, principal portal da rede, o volume de compras de itens usados pela somou US$ 295 milhões entre julho e setembro no país, número 14,47% maior que o registrado no segundo trimestre deste ano. O número de produtos à venda nas páginas virtuais subiu 9,8%, para 5,6 milhões de unidades.

3. Após o recuo nas vendas entre setembro e outubro, as concessionárias cortaram preços dos modelos usados para estimular os negócios. Osvaldo Fonseca, sócio da Carro Bom Veículos e da Vadico Itaguaí e Angra dos Reis, explica que o corte em carros novos é difícil, pois obedece o calendário das fábricas.

4. Com mais flexibilidade de preço, os usados ficaram 15% mais baratos. E a diferença acabou compensando. Desde setembro, os modelos seminovos passaram de 80% para 90% do meu faturamento.

5. Neste Natal, os modelos usados serão a grande aposta das empresas para as vendas de fim de ano, já que os negócios envolvendo carros novos seguem estacionados “por serem mais caros”, dizem os empresários. Segundo Paulo Santiago Filho, sócio-diretor das concessionárias Raion e Natal Mitsubishi, Millenion Suzuki e Honda, serão feitas promoções apenas de seminovos nos próximos dias.

6. Os seminovos serão as vedetes deste fim de ano. Em setembro e outubro, com as vendas caindo, os preços foram reajustados e ficaram convidativos. Tinha um estoque com 200 carros. Com o corte de R$ 5 mil em cada um, o faturamento foi reduzido em R$ 1 milhão.

7. As roupas novas também ficaram em segundo plano. A rede Conserte, com dez lojas no Rio e 188 funcionários, viu o movimento aumentar 30% desde setembro em relação ao primeiro semestre deste ano. Fátima Rosana Oliveira, supervisora geral da companhia, lembra que as vendas costumam cair depois de agosto devido ao lançamento da coleção de verão no varejo.

8. Os clientes estão pegando as peças velhas e fazendo reparos para poder usar de novo. Eles transformam a calça em bermuda e colocam um zíper diferente. Agora, querem aproveitar tudo mais do que nunca. Para estimular os negócios, não vamos reajustar os preços dos serviços lembra Fátima.

9. As lojas ainda têm investido na ampliação dos serviços. A Maria Costura, em Botafogo, por exemplo, passou a fazer roupas sob encomenda. O número de pedidos aumenta 100% a cada mês, desde setembro. Soraia Vasconcelos, sócia do espaço, diz que não está mais aceitando pedidos, pois não tem condição de atender a todos.

10. Há ainda quem tente ganhar um dinheiro extra. Os brechós sentem a maior procura de pessoas interessadas em vender roupas e móveis usados. Sávio Carlos, dono da “Desculpe eu sou chique”, diz que a oferta no espaço aumenta há três meses. O empresário diz que, em julho, recebia uma ou duas ligações por dia; hoje, a média passou para seis contatos.
ROSA, Bruno. O Globo, 23/11/2008.)

1. A exposição de ideias desenvolvida no texto está orientada no sentido de persuadir o leitor de que:

A) a crise econômica em curso afeta negativa e indistintamente todos os setores do comércio em nosso país;
B) o reajuste de preços é a alternativa imediata e mais racional para estimular os negócios abalados com a crise em curso;
C) a crise alterou o comportamento do consumidor brasileiro, fazendo com que o comércio de artigos e serviços tivesse que se ajustar à nova realidade;
D) o comércio de roupas e veículos, com a crise, obrigou o consumidor brasileiro a resgatar o dinheiro que mantinha aplicado;
E) tornou-se um grande negócio a compra de itens usados pela web, donde o montante de vendas registrado entre julho e setembro ter crescido consideravelmente.

1. Resposta: C – É correto inferir que "a crise alterou o comportamento do consumidor brasileiro, fazendo com que o comércio de artigos e serviços tivesse que se ajustar à nova realidade". Essa afirmação encontra apoio logo na primeira frase do texto: "A crise já fez o consumidor brasileiro mudar de hábitos". O autor cita como mudança de postura do consumidor brasileiro, por exemplo, a remodelagem de roupas antigas, a venda de roupas antigas a brechós e o resgate do dinheiro aplicado para a aquisição de carro usado.

Comentário:

a) Item Errado – A crise econômica em curso não afeta negativa e indistintamente todos os setores do comércio em nosso país, uma vez que aumentaram as vendas de carros usados, eletroeletrônicos, roupas, artigos em geral e móveis usados.
b) Item Errado – Não é verdade que o reajuste de preços é a alternativa imediata e mais racional para estimular os negócios abalados com a crise em curso. Ao contrário, segundo Fátima Rosana Oliveira, a alternativa para aumentar as vendas é manter os preços dos serviços: "Para estimular os negócios, não vamos reajustar os preços dos serviços".
d) Item Errado – O consumidor brasileiro não resgatou o dinheiro que mantinha aplicado por causa da crise do comércio de roupas e veículos, mas para "adquirir um carro usado", ou seja para consumir produtos.
e) Item Errado – As vendas pela web não se referem a itens usados, mas, sim, a produtos novos (eletroeletrônicos, roupas e artigos). Esse aumento de vendas serve como argumento de que a crise não afeta todos os setores.

2. Para mostrar-se convincente, recorre o autor a todas as estratégias de argumentação abaixo, com EXCEÇÃO da seguinte:

A) apontar dados estatísticos;
B) exemplificar o comportamento do mercado ante a nova realidade econômica;
C) recorrer à palavra de autoridade no assunto;
D) concordar parcialmente com ponto de vista divergente do seu;
E) desenvolver um raciocínio consistente.

2. Resposta: D – Não é apresentado qualquer ponto de vista divergente.

Comentário: Estratégias argumentativas são todos os recursos que visam a convencer o interlocutor do ponto de vista defendido.

a) Item Correto – Dados estatísticos são considerados um argumento de autoridade, ou seja, possuem credibilidade, pois comprovam as afirmações do locutor do texto. Eis alguns exemplos de dados estatísticos: "alta nos negócios de 10% a 15%"; "número 14,47% maior que o registrado no segundo trimestre deste ano"; "O número de pedidos aumenta 100% a cada mês".
b) Item Correto – A exemplificação reforça o ponto de vista apresentado, pois apresenta casos reais a favor da tese defendida. O texto apresenta vários exemplos que comprovam a alteração do comportamento do consumidor. Transcrevemos aqui alguns: "As roupas novas deram lugar a remodelagens de peças antigas esquecidas no armário". / “Outros optaram por vendê-las em brechós. O dinheiro aplicado no banco foi resgatado para adquirir um carro usado, que já está vendendo mais que os similares zero quilômetro".
c) Item Correto – A citação de autoridades (especialistas) no assunto debatido fortalece a tese defendida. Empresários, diretores e supervisores de empresa são exemplos de autoridades citadas.
e) Item Correto – O raciocínio desenvolvido é consistente, ou seja, é baseado nos princípios da lógica. O autor defende a tese de que a crise modificou o comportamento do consumidor brasileiro. Para isso, ele usou coerentemente várias estratégias argumentativas.

3. Na argumentação desenvolvida no texto, o que se encontra enunciado na segunda frase visa a justificar o que foi dito na primeira em todas as opções seguintes, EXCETO:

A) “E a diferença acabou compensando. Desde setembro, os modelos seminovos passaram de 80% para 90% do meu faturamento.” (4º parágrafo);
B) “Em setembro e outubro, com as vendas caindo, os preços foram reajustados e ficaram convidativos. Tinha um estoque com 200 carros.” (6º parágrafo);
C) “Os seminovos serão as vedetes deste fim de ano. Em setembro e outubro, com as vendas caindo, os preços foram reajustados e ficaram convidativos.” (6º parágrafo);
D) “As lojas ainda têm investido na ampliação dos serviços. A Maria Costura, em Botafogo, por exemplo, passou a fazer roupas sob encomenda.” (9º parágrafo);
E) “Há ainda quem tente ganhar um dinheiro extra. Os brechós sentem a maior procura de pessoas interessadas em vender roupas e móveis usados.” (10º parágrafo).

3. Resposta: B – “Em setembro e outubro, com as vendas caindo, os preços foram reajustados e ficaram convidativos. Tinha um estoque com 200 carros.” / Há uma relação de causalidade não entre a primeira e a segunda frase, mas na primeira frase: a queda das vendas (causa) > reajuste dos preços (consequência); reajuste dos preços (causa) > preços convidativos (consequência). O período "Tinha um estoque com 200 carros" não apresenta nenhuma causalidade, isto é, não justifica a afirmação anterior.

Comentário: A causalidade está associada às relações de causa (= motivo) / consequência (= efeito, resultado), ou justificativa para o que se apresentou anteriormente. Há causalidade em todas as demais frases:

a) Item Correto – "E a diferença acabou compensando. Desde setembro, os modelos seminovos passaram de 80% para 90% do meu faturamento.” / O fato de ter havido um aumento nas vendas de 80% para 90% justifica a afirmação feita na primeira frase – "a diferença acabou compensando". Em outras palavras: "E a diferença acabou compensando, pois, desde setembro, os modelos seminovos passaram de 80% para 90% do meu faturamento.”
c) Item Correto – “Os seminovos serão as vedetes deste fim de ano. Em setembro e outubro, com as vendas caindo, os preços foram reajustados e ficaram convidativos.” / O fato de os preços terem sido reajustados e ficarem convidativos justifica a afirmação de que “Os seminovos serão as vedetes deste fim de ano".
d) Item Correto – “As lojas ainda têm investido na ampliação dos serviços. A Maria Costura, em Botafogo, por exemplo, passou a fazer roupas sob encomenda.” / Passar a fazer roupas sob encomenda justifica (esclarece) o investimento das lojas na ampliação dos serviços.
e) Item Correto – “Há ainda quem tente ganhar um dinheiro extra. Os brechós sentem a maior procura de pessoas interessadas em vender roupas e móveis usados.” / A procura de pessoas interessadas em vender roupas e móveis usados justifica a o que se afirmou na primeira frase: o fato de haver pessoas que tentem ganhar um dinheiro extra. Dito de outro modo: as pessoas procuram ganhar um dinheiro extra porque estão interessadas em vender roupas e móveis usados nos brechós.

4. A substituição da preposição em destaque pela locução indicada altera fundamentalmente o sentido do enunciado em:

A) “registraram alta nos negócios de 10% a 15% com queda entre 10% e 20% nos preços, CONTRA um recuo de 5% no valor dos automóveis novos” (1º parágrafo) / em detrimento de;
B) “cortaram preços dos modelos usados PARA estimular os negócios” (3º parágrafo) / com o fito de;
C) “serão feitas promoções apenas de seminovos Nos próximos dias.” (5º parágrafo) / no curso de;
D) “COM o corte de R$ 5 mil em cada um, o faturamento foi reduzido em R$ 1 milhão.” (6º parágrafo) / Em decorrência de;
E) “viu o movimento aumentar 30% DESDE setembro em relação ao primeiro semestre deste ano.” (7º parágrafo) / em detrimento de.

4. Resposta: A – A preposição "contra" exprime oposição e tem o sentido de "em oposição a", "em contraste com"; já "em detrimento de" significa "em prejuízo". Assim, como os dois termos não são equivalentes, não pode haver a substituição de um pelo outro, sem causar prejuízo semântico.

Comentário:

b) Item Errado – A preposição "para" indica finalidade; pode ser substituída por "com o objetivo de", "a fim de", "com o intuito de", "com o fito de", etc.: “cortaram preços dos modelos usados com o fito de estimular os negócios”.
c) Item Errado – Em "Nos" existe a contração da preposição "em" com o artigo "os"; essa preposição, no texto, expressa tempo (= durante), por isso pode ser substituído por "no curso de" (no curso de = durante): “serão feitas promoções apenas de seminovos no curso dos próximos dias”.
d) Item Errado – Contextualmente, o conectivo "Com" expressa ideia de causa e equivale a "por causa de", "em vista de", "em virtude de", "devido a", "em decorrência de", etc.: “Em decorrência do corte de R$ 5 mil em cada um, o faturamento foi reduzido em R$ 1 milhão”.
e) Item Errado – Na frase, a partícula "desde" denota ponto de partida no tempo e significa "a começar de", "a contar de", "a partir de": viu o movimento aumentar 30% a partir de setembro em relação ao primeiro semestre deste ano".

5. O sentido de “Neste Natal, os modelos usados serão a grande aposta das empresas para as vendas de fim de ano, JÁ QUE os negócios envolvendo carros novos seguem estacionados 'por serem mais caros'” (5º parágrafo) altera-se sensivelmente com a substituição do conectivo em destaque por:

A) visto como;
B) porquanto;
C) dado que;
D) tendo em vista que;
E) desde que.

5. Resposta: E – A expressão "já que" expressa relação de causa e equivale semanticamente a "visto como", "porquanto" e "dado que", "tendo em vista que". A locução "desde que" denota tempo ou condição, dependendo do contexto, por isso alteraria o sentido original. Vejamos: Choro desde que você partiu (tempo). / Desde que você se esforce, terá sucesso (condição). Observação: Em determinados contextos, "desde que" pode denotar causa (desde que = visto que): "Desde que é rico, não lhe é difícil auxiliar o próximo" (Aurélio)

6. As palavras cujos prefixos significam o mesmo que os prefixos de SEMINOVOS e SUPERVISORA são, respectivamente:

A) hemiciclo e hipertensão;
B) epiderme e antiaéreo;
C) eufonia e arqui-inimigo;
D) periferia e acéfalo;
E) dígrafo e sincronia.

6. Resposta: A – Em "seminovos" e "hemiciclo", os prefixos "semi" e "hemi" são equivalentes" (= meio ou metade); também possuem o mesmo sentido os prefixos "super" e "hiper", presentes em "supervisora" e "hipertensão": posição superior, em cima, sobre.

Comentário:

b) Item Errado – epiderme / antiaéreo: epi = sobre, posição superior; anti = oposição, contra.
c) Item Errado – eufonia / arqui-inimigo: eu = bom, belo, bem, excelência; anti = oposição, contra.
d) Item Errado – periferia / acéfalo: peri = em torno de; a = negação, carência.
e) Item Errado – dígrafo / sincronia: di = dois, duplicidade; sin = simultaneidade, reunião.

7. Ao reescrever a voz passiva analítica como passiva pronominal, incidiu-se em ERRO na colocação do pronome átono em:

A) “O dinheiro aplicado no banco foi resgatado para adquirir um carro usado” (1º parágrafo) / Resgatou-se o dinheiro aplicado no banco para adquirir um carro usado.
B) “o volume de compras [...] somou US$ 295 milhões entre julho e setembro no país, número 14,47% maior que o registrado no segundo trimestre deste ano” (2º parágrafo) / o volume de compras [...] somou US$ 295 milhões entre julho e setembro no país, número 14,47% maior que o que se registrou no segundo trimestre deste ano.
C) “Segundo Paulo Santiago Filho [...] serão feitas promoções apenas de seminovos nos próximos dias” (5º parágrafo) / Segundo Paulo Santiago Filho [...] Farão-se promoções apenas de seminovos nos próximos dias”.
D) “Em setembro e outubro, com as vendas caindo, os preços foram reajustados e ficaram convidativos” (6º parágrafo) / Em setembro e outubro, com as vendas caindo, os preços reajustaram-se e ficaram convidativos.
E) “Com o corte de R$ 5 mil em cada um, o faturamento foi reduzido em R$ 1 milhão”(6º parágrafo) / Com o corte de R$ 5 mil em cada um, o faturamento se reduziu em R$ 1 milhão.

7. Resposta: C – “Segundo Paulo Santiago Filho [...] Farão-se promoções apenas de seminovos nos próximos dias”. / A colocação do pronome oblíquo está errada, pois não se usa ênclise (pronome depois do verbo) quando os verbos se encontrarem no futuro do presente ou do pretérito. Aqui, como a frase se inicia por verbo, a mesóclise (pronome no meio do verbo) é obrigatória. Correção: Segundo Paulo Santiago Filho [...] Far-se-ão-se promoções apenas de seminovos nos próximos dias.

Comentário: A mesóclise (pronome no meio do verbo) acontece obrigatoriamente quando as frases começam com verbos que estejam no futuro do presente ou no futuro do pretérito: Dir-lhe-ei a verdade. / Dir-lhe-ia a verdade.

Observações:

1. Se a frase não começar com verbo, pode-se usar indiferentemente a próclise ou a ênclise: O homem nos obedecerá (ou O homem obedecer-nos-á). / O homem obedecer-nos -ia (ou O homem nos obedeceria.).

2. Se houver palavra atrativa, a próclise será obrigatória: O chefe não nos ajudará. / O chefe não nos ajudaria.

3. Jamais se usará ênclise com os verbos no futuro do presente ou do pretérito: Oferecerei-lhe um presente – ERRADO. / Oferecer-lhe-ei um presente – CORRETO.

a) Item Correto – “Resgatou-se o dinheiro aplicado no banco para adquirir um carro usado”. / Como a frase começa com verbo, a ênclise (pronome depois do verbo) é obrigatória.
b) Item Correto – “o volume de compras [...] somou US$ 295 milhões entre julho e setembro no país, número 14,47% maior que o que se registrou no segundo trimestre deste ano”. / Antes de pronome relativo (que), a próclise (pronome antes do verbo) é obrigatória.
d) Item Correto – “Em setembro e outubro, com as vendas caindo, os preços reajustaram-se e ficaram convidativos”. / Como não há palavras atrativas, neste caso é indiferente a próclise ou a ênclise. Desse modo, estaria igualmente correta a colocação do pronome "se" antes do verbo: "... os preços se reajustaram e ficaram convidativos".
e) Item Correto – “Com o corte de R$ 5 mil em cada um, o faturamento se reduziu em R$ 1 milhão”. / Aqui também não há palavras atrativas, por isso o pronome poderia vir depois do verbo: "... faturamento reduziu-se em R$ 1 milhão".

8. Cometeu-se um erro de concordância, ao se transformar a oração reduzida em destaque em oração desenvolvida na seguinte opção:

A) “A crise já fez O CONSUMIDOR BRASILEIRO MUDAR DE HÁBITOS” (1º parágrafo) / que o consumidor brasileiro mudasse de hábitos.
B) “Outros optaram POR VENDÊ-LAS EM BRECHÓS” (1º parágrafo) / por que fossem vendidas em brechós.
C) “O dinheiro APLICADO NO BANCO foi resgatado para adquirir um carro usado” (1º parágrafo) / que se aplicou no banco.
D) “Neste Natal, os modelos usados serão a grande aposta das empresas para as vendas de fim de ano, já que os negócios ENVOLVENDO CARROS NOVOS seguem estacionados” (5º parágrafo) / que envolvem carros novos.
E) “Os clientes estão pegando as peças velhas e fazendo reparos PARA PODER USAR DE NOVO” (8º parágrafo) / para que possa usar de novo.

8. Resposta: E – Em 'Os clientes estão pegando as peças velhas e fazendo reparos PARA PODER USAR DE NOVO', a não flexão do infinitivo está correta, uma vez que, a flexão é facultativa com infinitivo regido de preposição (a, de, sem, para, em): Os clientes estão pegando as peças velhas e fazendo reparos PARA PODER (ou PODEREM USAR DE NOVO". É bom ressaltar que ocorre erro na forma verbal "possa": o verbo na forma desenvolvida deveria obrigatoriamente concordar com o sujeito "Os clientes". Correção: “Os clientes estão pegando as peças velhas e fazendo reparos para que possam usar de novo.

Comentário: Infinitivo precedido de preposição:
1. Com infinitivo regido de preposição (a, de, sem, para, em), a flexão é facultativa: Trabalhamos no domingo sem reclamar (ou reclamarmos). / Lutam para ser (ou serem) felizes. / Viajaram para resolver (ou resolverem) problemas particulares.

2. Quando a preposição inicia complemento nominal de adjetivos ou substantivos, o infinitivo não se flexiona: Estamos felizes (adjetivo) em ajudar. / Temos a dignidade (substantivo) de pedir desculpas.

3. Não se flexiona o infinitivo precedido de preposição "de", "por" ou "a", formando locuções verbais com os verbos "estar", "ficar", "andar", "acabar", "começar", "viver", "continuar" e outros semelhantes: estar a estudar (= estar estudando), ficar a dormir (= ficar dormindo), acabaram por sair, começaram a rir, acabaram de sair, etc.

4. Flexiona-se o infinitivo precedido de preposição em alguns casos:

a) se a preposição estiver combinada com artigo (= ao): Apagaram as luzes ao chegarem.
b) se o infinitivo preceder o verbo da oração principal: Para fazerem o trabalho, necessitam de instrumentos adequados.
c) quando o verbo for reflexivo, pronominal ou passivo: Levantaram-se para se cumprimentarem (verbo reflexivo; se = pronome reflexivo recíproco). / Calaram-se para não se aborrecerem (verbo pronominal; se = parte integrante do verbo). / Liguei a máquina para se lavarem as roupas (voz passiva sintética: para se lavarem as roupas = para as roupas serem lavadas; se = pronome apassivador).

a) Item Correto – que o consumidor brasileiro mudasse de hábitos. / A forma verbal "mudasse", singular, concorda com o sujeito "o consumidor brasileiro".
b) Item Correto – “Outros optaram POR VENDÊ-LAS EM BRECHÓS” / por que fossem vendidas em brechós. / O verbo "ser" está no plural, visto que seu sujeito possui forma de plural: "Outros". Observação: A expressão "por que", além de significar "por qual motivo", "pelo qual", "pelos quais", também é equivalente a "para que", indicando finalidade.
c) Item Correto – “O dinheiro APLICADO NO BANCO foi resgatado para adquirir um carro usado” / que se aplicou no banco. / A forma verbal "aplicou" está no singular para concordar com o sujeito paciente "O dinheiro (O dinheiro que se aplicou = O dinheiro que foi aplicado).
d) Item Correto – “Neste Natal, os modelos usados serão a grande aposta das empresas para as vendas de fim de ano, já que os negócios ENVOLVENDO CARROS NOVOS seguem estacionados” / Está no plural o verbo "seguir" para respeitar a concordância com o sujeito "os negócios".

9. A frase em que o verbo OBEDECER tem a mesma regência que em “pois obedece o calendário das fábricas” (3º parágrafo) é a seguinte:

A) Quando dizemos que um indivíduo é disciplinado, não queremos dizer que ele obedece passivamente.
B) A propaganda eleitoral obedece regras injustas.
C) Pouco manda quem quer que muito lhe obedeçam.
D) Um bom burocrata deve obedecer, no relato dos acontecimentos, à ordem cronológica.
E) Sua instalação obedeceu a todos os dispositivos legais em vigor na época.

9. Resposta: B – Tanto em “pois obedece o calendário das fábricas” quanto em "A propaganda eleitoral obedece regras injustas", o verbo "obedecer” foi usado como transitivo direto (obedecer o quê – o calendário das fábricas; o calendário das fábricas = objeto direto / obedecer o quê – regras injustas; regras injustas = objeto direto). A propósito, vejamos o que nos informa o dicionário Aurélio sobre o emprego de "obedecer" como transitivo direto: Pop. Obedecer (1): Obedece o pai. [Ocorre, em bons autores, como t.d.; é melhor, entretanto, na linguagem culta formal, usar a regência indireta.]

Comentário: Na norma culta, o verbo "obedecer" é transitivo indireto, com preposição "a" (quem obedece, obedece a algo ou a alguém). Foi com essa regência que se empregou o verbo nas opções C, D e E. Na opção A, o verbo foi usado como intransitivo.

a) Item Errado – “Quando dizemos que um indivíduo é disciplinado, não queremos dizer que ele obedece passivamente”. / Verbo intransitivo, com o sentido de "executar ordens".
c) Item Errado – “Pouco manda quem quer que muito lhe obedeçam”. / Verbo transitivo indireto (lhe obedeçam: lhe = objeto indireto).
d) Item Errado – “Um bom burocrata deve obedecer, no relato dos acontecimentos, à ordem cronológica”. / Verbo transitivo indireto (deve obedecer à ordem cronológica: à ordem cronológica = objeto indireto).
e) Item Errado – “Sua instalação obedeceu a todos os dispositivos legais em vigor na época”. / Verbo transitivo indireto (obedeceu a todos os dispositivos legais”: a todos os dispositivos legais = objeto indireto).

10. Na frase “O número de produtos À VENDA nas páginas virtuais subiu 9,8%, para 5,6 milhões de unidades” (2º parágrafo), permanece obrigatório o acento grave no “a” com a substituição do termo grifado por:

A) à disposição do consumidor
B) a nossa disposição;
C) a pesquisar;
D) a preço convidativo;
E) a prazo.

10. Resposta: A – Em "O número de produtos À VENDA", a crase é obrigatória antes de "venda", visto que a expressão "à venda” é adjunto adverbial feminino. Sabemos que, se substituirmos a palavra feminina por uma masculina qualquer, houver a correlação "à > ao", ocorrerá crase. Observemos: a correlação com palavra masculina: O número de produtos À VENDA > O número de produtos Ao DISPOR. Pelo mesmo motivo haverá crase com a expressão adverbial feminina "à disposição do consumidor".

Comentário:

b) Item Errado – a nossa disposição / Antes de pronomes possessivos adjetivos (pronomes que precedem substantivos) femininos no singular, a crase é facultativa: produtos à nossa disposição (ou produtos a nossa disposição).
c) Item Errado – a pesquisar / Não ocorre crase antes de verbo.
d) Item Errado – a preço convidativo / Não ocorre crase antes de palavra masculina.
e) Item Errado – a prazo / Não ocorre crase antes de palavra masculina.

11. A opção em que a concordância é facultativa, podendo o verbo, conforme indicado, empregar-se na terceira pessoa do singular ou do plural, é a seguinte:

A) “a procura por eletroeletrônicos, roupas e artigos em geral AUMENTOU no terceiro trimestre deste ano” (2º parágrafo) / aumentaram;
B) “o volume de compras de itens usados pela SOMOU US$ 295 milhões entre julho e setembro” (2º parágrafo) / somaram;
C) “os negócios envolvendo carros novos seguem estacionados 'por serem mais caros', DIZEM os empresários” (5º parágrafo) / diz;
D) “Os clientes estão pegando as peças velhas e fazendo reparos para PODER usar de novo” (8º parágrafo) / poderem;
E) “O número de pedidos AUMENTA 100% a cada mês, desde setembro” (9º parágrafo) / aumentam.

11. Resposta: D – Em “Os clientes estão pegando as peças velhas e fazendo reparos para PODER usar de novo”, a flexão do infinitivo é facultativa (poder ou poderem), visto que o infinitivo está precedido de preposição. Este assunto já foi comentado na questão 8.

Comentário:

a) Item Errado – "a procura por eletroeletrônicos, roupas e artigos em geral AUMENTOU no terceiro trimestre deste ano” / O núcleo do sujeito é singular (procura), por isso o verbo deve ficar no singular (aumentou).
b) Item Errado – “o volume de compras de itens usados pela SOMOU US$ 295 milhões entre julho e setembro” / O núcleo do sujeito é singular (volume), desse modo o verbo deve ficar no singular (somou).
c) Item Errado – “os negócios envolvendo carros novos seguem estacionados 'por serem mais caros', DIZEM os empresários” / A oração apresenta sujeito com núcleo no plural, por conseguinte é obrigatório usar o verbo no plural (dizem).
e) Item Errado – “O número de pedidos AUMENTA 100% a cada mês, desde setembro” / O verbo deve ficar no singular (aumenta), uma vez que o núcleo do sujeito apresenta seu núcleo no singular (número).

12. A passagem do texto em que o uso das vírgulas tem motivação sintática diversa daquela que levou Machado de Assis a empregá-las em “Eu, Brás Cubas, escrevi este romance com a pena da galhofa e a tinta da melancolia” é:

A) “De acordo com dados do Mercado Livre, principal portal da rede, o volume de compras de itens usados pela web somou US$ 295 milhões entre julho e setembro no país” (2º parágrafo);
B) “A rede Conserte, com dez lojas no Rio e 188 funcionários, viu o movimento aumentar 30% desde setembro em relação ao primeiro semestre deste ano” (7º parágrafo);
C) “Fátima Rosana Oliveira, supervisora geral da companhia, lembra que as vendas costumam cair depois de agosto devido ao lançamento da coleção de verão no varejo” (7º parágrafo);
D) “Soraia Vasconcelos, sócia do espaço, diz que não está mais aceitando pedidos” (9º parágrafo);
E) “Sávio Carlos, dono da 'Desculpe eu sou chique', diz que a oferta no espaço aumenta há três meses” (10º parágrafo).

12. Resposta: B – Em “A rede Conserte, com dez lojas no Rio e 188 funcionários, viu o movimento aumentar 30% desde setembro em relação ao primeiro semestre deste ano”, as vírgulas isolam o adjunto adverbial deslocado "com dez lojas no Rio e 188 funcionários".

Comentário: Em “Eu, Brás Cubas, escrevi este romance com a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, as vírgulas separam o aposto explicativo "Brás Cubas". Nas demais alternativas, as vírgulas também separam aposto explicativo.

CESPE – Ministério da Integração Nacional – Assistente Técnico-Administrativo – 2009 – Nível Médio

CESPE – Ministério da Integração Nacional – Assistente Técnico-Administrativo – 2009 – Nível Médio

O administrador interino

1. Pádua era empregado em repartição dependente do
2. Ministério da Guerra. Não ganhava muito, mas a mulher
3. gastava pouco, e a vida era barata. Demais, a casa em que
4. morava, assobradada como a nossa, posto que menor, era
5. propriedade dele. Comprou-a com a sorte grande que lhe
6. saiu num meio bilhete de loteria, dez contos de réis.
7. A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio, foi
8. comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes para
9. a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar vir da
10. Europa alguns pássaros etc.; mas a mulher, esta D. Fortunata
11. que ali está à porta dos fundos da casa, em pé, falando à
12. filha, alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os
13. mesmos olhos claros, a mulher é que lhe disse que o melhor
14. era comprar a casa, e guardar o que sobrasse para acudir às
15. moléstias grandes. Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder
16. aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata pediu
17. auxílio. Nem foi só nessa ocasião que minha mãe lhes valeu;
18. um dia chegou a salvar a vida ao Pádua. Escutai; a anedota
19. é curta.
20. O administrador da repartição em que Pádua
21. trabalhava teve de ir ao Norte, em comissão. Pádua, ou por
22. ordem regulamentar, ou por especial designação, ficou
23. substituindo o administrador com os respectivos honorários.
24. Esta mudança de fortuna trouxe-lhe certa vertigem; era antes
25. dos dez contos. Não se contentou de reformar a roupa e a
26. copa, atirou-se às despesas supérfluas, deu joias à mulher,
27. nos dias de festa matava um leitão, era visto em teatros,
28. chegou aos sapatos de verniz. Viveu assim vinte e dois meses
29. na suposição de uma eterna interinidade. Uma tarde entrou
30. em nossa casa, aflito e desvairado, ia perder o lugar, porque
31. chegara o efetivo naquela manhã. Pediu a minha mãe que
32. velasse pelas infelizes que deixava; não podia sofrer
33. desgraça, matava-se. Minha mãe falou-lhe com bondade, mas
34. ele não atendia a coisa nenhuma.
35. Pádua enxugou os olhos e foi para casa, onde viveu
36. prostrado alguns dias, mudo, fechado na alcova, – ou então
37. no quintal, ao pé do poço, como se a ideia da morte teimasse
38. nele. D. Fortunata ralhava:
39. – Joãozinho, você é criança?
40. Mas, tanto lhe ouviu falar em morte que teve medo,
41. e um dia correu a pedir a minha mãe que lhe fizesse o favor
42. de ver se lhe salvava o marido que se queria matar. Minha
43. mãe foi achá-lo à beira do poço, e intimou-lhe que vivesse.
44. Que maluquice era aquela de parecer que ia ficar desgraçado,
45. por causa de uma gratificação a menos, e perder um emprego
46. interino?
Machado de Assis. Dom Casmurro, cap. XVI (com adaptações).

Com relação à interpretação do texto e à significação das palavras nele empregadas, julgue os seguintes itens.

1. No trecho “como se a ideia da morte teimasse nele” (l.37-38), o verbo teimar é sinônimo de embirrar e está empregado em sentido conotativo.

1. Item Errado – O verbo "teimar" está empregado em sentido conotativo (figurado). Além disso "embirrar" significa “teimar insistentemente, com zanga, enfado ou paixão", portanto, no contexto, não poderia substitui adequadamente "teimar".

2. Depreende-se, a partir do texto, que João era prenome de Pádua.

2. Item Correto – Infere-se que o prenome de Pádua era João, uma vez, que a mulher, D. Fortunata, o chamou por esse nome: "– Joãozinho, você é criança?".

3. Depreende-se do texto que a vida de Pádua era financeiramente difícil.

3. Item Errado – Pelos dois primeiros períodos do texto, deduz-se que a vida financeira de Pádua não era difícil: "Não ganhava muito, mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata. Demais, a casa em que morava, assobradada como a nossa, posto que menor, era propriedade dele".

4. O termo “Demais” (l.3) tem o mesmo valor que a expressão Além disso.

4. Item Correto – Empregado como conectivo, o termo "demais" significa "ademais", "além disso". A palavra "ademais" possui também o sentido de "outros", "restantes" – pronome indefinido (Vocês ficam aí; os demais podem sair.) e "em demasia", "excessivamente" (Vocês trabalham demais.).

5. Durante o período em que substituiu o administrador da repartição, Pádua foi remunerado pelo exercício dessa função.

5. Item Correto – É correto afirmar que, durante o período em que substituiu o administrador da repartição, Pádua foi remunerado pelo exercício dessa função. Isso está comprovado no texto: "(...) Pádua (...) ficou substituindo o administrador com os respectivos honorários".

6. Entre os trechos que justificam o título do texto, inclui-se o seguinte: “Pádua, ou por ordem regulamentar, ou por especial designação, ficou substituindo o administrador” (l.-23).

6. Item Correto – O trecho “Pádua, ou por ordem regulamentar, ou por especial designação, ficou substituindo o administrador” justifica o título do texto – O administrador interino –, uma vez que "interino" significa "aquele que exerce funções provisórias na falta ou impedimento do funcionário efetivo".

7. A palavra “fortuna”, em “Esta mudança de fortuna” (l.24), foi empregada no sentido de grande quantidade de dinheiro.

7. Item Errado – A palavra “fortuna”, em “Esta mudança de fortuna”, foi usada no sentido de "sina", "sorte", "destino".

Julgue os itens de 8 a 20 com relação a aspectos gramaticais e ortográficos do texto.

8. A expressão “salvar a vida ao Pádua” (l.18) pode ser adequadamente interpretada como salvar a vida do Pádua, literalmente.

8. Item Correto – A expressão “salvar a vida ao Pádua” significa literalmente (literalmente = no sentido real) "salvar a vida do Pádua", como se pode depreender do trecho a seguir: "Mas, tanto lhe ouviu falar em morte que teve medo, e um dia correu a pedir a minha mãe que lhe fizesse o favor de ver se lhe salvava o marido que se queria matar".

9. A forma verbal “Escutai” (l.18) está flexionada no modo subjuntivo e indica a incerteza do falante a respeito do que está dizendo.

9. Item Errado – A forma verbal “Escutai” está flexionada no modo imperativo e tem o objetivo de estabelecer uma interação com o leitor, ou seja, o autor cria uma intimidade com seu leitor, fazendo com que ambos, autor e leitor, compartilhem o mesmo pensamento.

10. A palavra “repartição” (l.1) diz respeito a uma área administrativa específica do “Ministério da Guerra” (l.2). Com esse mesmo sentido, o autor poderia ter empregado a palavra cessão.

10. Item Errado – Com sentido de "repartição", o autor poderia ter empregado o vocábulo "seção".
Observação: seção ou secção = repartição; cessão = doação, autorização, concessão; sessão = espaço de tempo de uma determinada reunião.

11. A substituição da preposição “em” por de na expressão “era empregado em repartição” (l.1) implica que a repartição onde Pádua trabalhava era necessariamente o órgão empregador.

11. Item Correto – Com a expressão "era empregado em repartição”, percebe-se que "repartição" era o local onde Pádua trabalhava (Onde trabalhava? Resposta: Em repartição.). Caso a preposição "em" fosse substituída por "de", "repartição" indicaria necessariamente o órgão empregador, pois corresponderia a "repartição empregava Pádua" ("repartição" seria o agente do "emprego de Pádua".

12. A vírgula empregada imediatamente antes da expressão “dez contos de réis” (l.6) pode ser substituída por dois pontos ou por travessão, sem prejuízo para a coerência e a correção do texto.

12. Item Correto – A expressão “dez contos de réis” é um aposto explicativo, e o aposto explicativo em fim de frase pode ser isolado por vírgula, travessão, dois pontos ou travessão.

13. Em “mandar vir da Europa alguns pássaros” (l.9-10), a forma verbal “vir” poderia concordar com a expressão nominal “alguns pássaros”, que é o sujeito desse verbo.

13. Item Correto – Com auxiliares causativos (deixar, mandar, fazer e sinônimos) e sensitivos (ver, ouvir, sentir e sinônimos), se o sujeito vier depois do infinitivo, a flexão desse infinitivo é facultativa, embora a tendência é não flexioná-lo: "mandar vir da Europa alguns pássaros" ("pássaros" é sujeito) ou mandar virem da Europa alguns pássaros (= mandar os pássaros virem).

14. No trecho “a mulher é que lhe disse” (l.13),expressão “é que” confere ênfase ao elemento que exerce a função de sujeito da oração.

14. Item Correto – Nesta frase, a expressão "é que" não exerce função gramatical e pode ser retirada do texto, sem provocar prejudicar sintaticamente o texto. Serve apenas para destacar o sujeito.

15. A expressão nominal “D. Fortunata” é empregada, no texto, sem artigo. Por essa razão, caso a palavra sublinhada em “deu joias à mulher” (l.26) fosse substituída por “D. Fortunata”, o acento grave sobre o a que sucede “joias” não deveria ser empregado.

15. Item Correto – Em princípio não se usa artigo com a palavra "dona", por isso não pode ocorrer crase. O "a" é apenas preposição, que é exigida pelo verbo "dar" (dar algo a alguém). Se o termo "dona" estiver determinado, haverá crase: Deu joias à simpática Dona Fortunata.

16. No trecho “foi para casa, onde viveu prostrado alguns dias” (l.35-36), o pronome relativo tem valor possessivo, indicando que a casa a que o autor se refere pertence a Pádua.

16. Item Errado – O pronome relativo "onde" indica lugar. O único pronome relativo que tem valor possessivo é "cujo" e flexões. Pode ser substituído pelo possessivo "seu" e flexões. Exemplo: Esta é a casa cujas janelas dão vista para o mar (= Esta é a casa. Suas janelas dão vista para o mar.).

17. O último período do texto poderia ter sido introduzido por um travessão, uma vez que corresponde a uma transcrição literal de fala, denominada discurso direto.

17. Item Errado – O período "Que maluquice era aquela de parecer que ia ficar desgraçado, por causa de uma gratificação a menos, e perder um emprego interino?" não poderia ser introduzido por travessão, uma vez que está em discurso indireto livre. Segundo "Nova Gramática do Português Contemporâneo", de Celso Cunha e Lindley Cintra, o discurso indireto livre "aproxima narrador e personagem, dando-nos a impressão de que passam a falar em uníssono". O discurso indireto livre não é introduzido por travessão nem se isola por aspas.

“Discurso indireto livre é uma modalidade de técnica narrativa, resultante da mistura dos discursos direto e indireto, sendo um processo de grande efeito estilístico.
Por meio dele, o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas da personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, sonham, desejam, etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
As orações do discurso indireto livre são, em regra, independentes, sem verbos dicendi. O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e ritmo que confere ao texto. Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo interior da personagem, o narrador precisa ser onisciente”. (pt.wikipedia.org/wiki/Discurso_indireto_livre. Acesso: 10/8/2009)

18. Os pronomes empregados em “quando lhe saiu o prêmio” (l.7) e “atirou-se às despesas supérfluas” (l.26) devem ser interpretados como reflexivos.

18. Item Errado – É verdade que o pronome "se" é pronome reflexivo (se = a si mesmo), mas "lhe" é pessoal obliquo.

19. O verbo empregado em “chegara o efetivo” (l.31) pode ser substituído pela locução verbal tinha chegado, sem prejuízo para a interpretação do texto.

19. Item Correto – A forma verbal "chegara" poderia ser substituída por "tinha chegado", visto que o mais-que-perfeito composto é formado pelo imperfeito de "ter" ou "haver" mais o particípio: Ele chegara = Ele tinha (ou havia) chegado.

20. Em “chegara o efetivo” (l.31) e “velasse pelas infelizes” l.32), “efetivo” remete ao administrador da repartição e “infelizes”, à mulher e à filha de Pádua.

20. Item Correto – Em “chegara o efetivo” e “velasse pelas infelizes”, “efetivo” remete anaforicamente ao administrador da repartição, e “infelizes”, à mulher e à filha de Pádua. Vejamos a substituição: "Uma tarde entrou em nossa casa, aflito e desvairado, ia perder o lugar, porque chegara o administrador da fazenda (efetivo) naquela manhã". / "Pediu a minha mãe que velasse pela mulher e a filha de Pádua (as infelizes) infelizes que deixava; não podia sofrer desgraça, matava-se".

O sentido original do texto seria mantido com a substituição

21. do conector “afinal” por portanto, em “Pádua hesitou muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de minha mãe” (l.15-16).

21. Item Errado – O conectivo "afinal" introduz uma justificativa para o que foi dito anteriormente (O fato de ter de ceder aos conselhos justifica a hesitação do Pádua.); já "portanto" introduziria uma conclusão, isto é, uma consequência lógica de uma premissa. Exemplo: Você estudou muito. Portanto fará uma boa prova (O fato de ter estudado muito leva-nos a dedução lógica de que fará uma boa prova.).

22. dos conectivos “ou (...) ou (...)” por tanto (...) quanto (...), em “Pádua, ou por ordem regulamentar, ou por especial designação, ficou substituindo o administrador” (l.21-23).

22. Item Errado – A locução conjuntiva "ou ... ou" introduz um sentido de alternativa: a opção apresentada ("por especial designação") implica a exclusão da primeira ("ordem regulamentar"). A locução "tanto ..." quanto" denota adição.

23. do conector “e” pela conjunção porque, em “mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata” (l.2-3).

23. Item Errado – O conectivo "e" introduz uma adição; já "porque" iniciaria uma justificativa para o que se disse anteriormente.

24 do conector “posto que” por embora, em “a casa em que morava (...), posto que menor, era propriedade dele” (l.3-5).

24. Item Correto – Os conectivos "embora" e "posto que" são semanticamente equivalentes: exprimem concessão, ou seja, admitem uma razão que se concede, mas incapaz de impedir o fato expresso na oração principal.

25. do conector “para” por a fim de, em “e guardar o que sobrasse para acudir às moléstias grandes” (l.14-15).

25. Item Correto – Os conectivos "para" e "afim de" são sinônimos e denotam finalidade.

Texto para os itens de 51 a 57

1. [Tipo do expediente] n.º 43/SCO-MI
2. Brasília, 12 de junho de 2009.

3. [Vocativo]

4. Convido Vossa Excelência a participar da sessão de
5. abertura do seminário Ecoturismo no Centro-Oeste, a ser
6. realizado em 27 de julho próximo, às 9 h, no auditório do
7. Centro de Convenções, nesta capital.
8. Certo de contar com sua presença, reitero meu
9. sentimento de apreço e estima por Vossa Excelência.

10. [fecho]

J Silva
João da Silva
13. Secretário de Desenvolvimento do Centro-Oeste-MI

14. A Sua Excelência o Senhor
15. Senador José Moraes
16. Senado Federal

Com base nas normas de redação de documentos oficiais do Poder Executivo, julgue os itens a seguir com relação ao correto preenchimento dos espaços designados pelos colchetes.

26. O segundo colchete (l.3) deve ser preenchido com o vocativo “Senhor Senador,”.

26. Item Correto – O vocativo adequado para senador é "Senhor Senador,”. Observemos o que diz o Manual de Redação da Presidência da República: "O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo:

Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,"

27. O fecho do expediente (l.10) deve conter as saudações Abraços ou Cumprimentos protocolares, a depender do grau de intimidade entre signatário e destinatário.

27. Item Errado – Os documentos oficiais caracterizam-se pela impessoalidade, portanto não devem usar conter traços característicos da subjetividade, isto é, não deve haver impressões pessoais de quem elabora o texto. A propósito, reproduzimos um trecho do Manual de Redação da Presidência da República:

"Fechos para Comunicações

O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:

a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: Atenciosamente,

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores”.

28. Por se tratar de convite oficial, o tipo de expediente recomendado é o memorando, devendo o primeiro colchete (l.1) ser preenchido com o termo Memorando ou com a abreviatura Memo.

28. Item Errado – O documento em questão é um ofício, e não memorando, visto tratar-se de correspondência externa. Alem disso a abreviação de memorando é "Mem.", e não "Memo".

Memorando: "É a correspondência interna empregada entre as unidades administrativas de um órgão, sem restrições hierárquicas e temáticas". (Manual de Redação da Câmara dos deputados) / Trata-se de documento de comunicação interna.
Ofício: "É o documento destinado à comunicação oficial entre órgãos da administração pública e de autoridades para particulares.Manual de Redação da Câmara dos deputados) / Trata-se de documento de comunicação externa.

Simulado 2 para a Polícia Rodoviária Federal

SIMULADO 2 para a Polícia Rodoviária Federal (FUNRIO – Corpo de Bombeiro – Assistente Social – Nível Superior – 2008)

Sobre a morte e o morrer
Rubem Alves

O que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define?

Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver." A vida é tão boa! Não quero ir embora...

Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.Cecília Meireles sentia algo parecido: "E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias...

Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”

Dona Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. Vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou medos. Na cama, cega, a filha lhe lia a Bíblia. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela tinha a dizer era infinitamente mais importante. "Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...” Mas tenho muito medo do morrer. O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.

Mas a medicina não entende. Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho. As dores eram terríveis. Era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai. Dirigiu-se, então, ao médico: "O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que meu pai não sofra?". O médico olhou-o com olhar severo e disse: "O senhor está sugerindo que eu pratique a eutanásia?".

Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum. Seu velho pai morreu sofrendo uma dor inútil. Qual foi o ganho humano? Que eu saiba, apenas a consciência apaziguada do médico, que dormiu em paz por haver feito aquilo que o costume mandava; costume a que freqüentemente se dá o nome de ética.

Um outro velhinho querido, 92 anos, cego, surdo, todos os esfíncteres sem controle, uma cama - de repente um acontecimento feliz! O coração parou. Ah, com certeza fora o eu anjo da guarda, que assim punha um fim à sua miséria! Mas o médico, movido elos automatismos costumeiros, apressou-se a cumprir seu dever: debruçou-se sobre o velhinho e o fez respirar de novo. Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.

Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue. Eu também, da minha forma, luto pela vida. A literatura tem o poder de ressuscitar os mortos. Aprendi com Albert Schweitzer que a "reverência pela vida" é o supremo princípio ético do amor. Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?

Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se
define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da
beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.

Muitos dos chamados "recursos heróicos" para manter vivo um paciente são, do meu ponto de vista, uma violência ao princípio da "reverência pela vida". Porque, se os médicos dessem ouvidos ao pedido que a vida está fazendo, eles a ouviriam dizer: "Liberta-me". Comovi-me com o drama do jovem francês Vincent Humbert, de 22 anos, há três anos cego, surdo, mudo, tetraplégico, vítima de um acidente automobilístico. Comunicava-se por meio do único dedo que podia movimentar. E foi assim que escreveu um livro em que dizia: Morri em 24 de setembro de 2000. Desde aquele dia, eu não vivo. Fazem-me viver. Para quem, para que, eu não sei...". Implorava que lhe dessem o direito de morrer. Como as autoridades, movidas pelo costume e pelas leis, se recusassem, sua mãe realizou seu desejo. A morte o libertou do sofrimento.

Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.
(Texto publicado no jornal “Folha de São Paulo”, Caderno “Sinapse” do dia 12-10-03. fls 3.)


1. As citações que o autor faz de Mário Quintana, Cecília Meireles, Dona Clara e Albert Schweitzer apresentam, em comum:

A) o questionamento da medicina.
B) o medo da morte.
C) a valorização da vida.
D) a fragilidade ética.
E) a crença na vida depois da morte.

1. Resposta: C – As citações que o autor faz de Mário Quintana, Cecília Meireles, Dona Clara e Albert Schweitzer apresentam, em comum a valorização da vida. Justifica-se a afirmação anterior com trechos do texto: "Mário Quintana: '(...) O diabo é deixar de viver.'"; "Cecília Meireles sentia algo parecido: 'Que pena a vida ser só isto...” ; Dona Clara: 'Mas, que pena! A vida é tão boa...'; "Aprendi com Albert Schweitzer que a 'reverência pela vida' é o supremo princípio ético do amor".

Comentário: Nas citações, não há referência ao medo da morte, à valorização da vida à fragilidade ética nem à crença na vida depois da morte.

2. No título do texto lido, os vocábulos “morte” e “morrer” são substantivos

A) verbos.
B) substantivos.
C) adjetivos.
D) artigos.
E) pronomes.

2. Resposta: B – No título do texto lido, os vocábulos “morte” e “morrer” são substantivos: "morte" é substantivo derivado do verbo "morrer"; o vocábulo "morrer" é formado por derivação imprópria, também chamada de conversão, que consiste na mudança de classe gramatical, mantendo a forma original. Por causa do artigo "o", o verbo passou a substantivo.

3. “Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.”, no fragmento ocorre um(a):

A) eufemismo.
B) personificação.
C) onomatopéia.
D) comparação.
E) metonímia.

3. Resposta: A – "Eufemismo" é a substituição de termos fortes por mais suaves. No fragmento “Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.”, o autor substituiu o verbo "morrer" por uma expressão mais branda – "tocar de novo o acorde final".

4. O único elemento que não faz parte da estratégia argumentativa do texto lido é:

A) a preferência por verbos no presente.
B) a inserção de depoimento pessoal.
C) a exemplificação.
D) a presença de testemunhos autorizados.
E) o uso de argumentos de autoridade.

4. Resposta: A – Embora uma das marcas linguísticas do texto argumentativo seja o emprego dos verbos no presente, visto que nesses textos não ocorre temporalidade, isto é, não há progressão temporal dos acontecimentos, o autor utilizou abundantemente os verbos no pretérito imperfeito e no pretérito perfeito, marcas, respectivamente, da descrição e da narração. O autor valeu-se de sequências descritivas e narrativas como estratégia argumentativa, ou seja a descrição e a narração servem como argumentos a favor da tese defendida.

Comentário: Estratégias argumentativas são os recursos de que se utiliza o autor para defender sua tese. O depoimento pessoal, a exemplificação, a presença de testemunhos autorizados e o uso de argumentos de autoridade estão presentes no texto. Vejamos a seguir:

b) Item Correto –
Exemplo de inserção de depoimento pessoal: "Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade".
c) Item Correto – Exemplo de "exemplificação": "Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?".
d) Item Correto – Exemplo da "presença de testemunhos autorizados" (= afirmações feitas por pessoas que possuem credibilidade e que têm experiência no assunto): Dona Clara: 'Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...'.
e) Item Correto – Exemplo do uso de "argumentos de autoridade" (argumento baseado na opinião de especialistas no assunto): "Dizem as escrituras sagradas: 'Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer'".

5. “Dizem as escrituras sagradas (...)”, a forma plural do verbo se justifica porque:

A) possui sujeito composto.
B) inicia a oração principal.
C) trata-se de sujeito indeterminado.
D) é caso de impessoalidade verbal.
E) concorda com sujeito plural.

5. Resposta: E – O sujeito de "Dizem" apresenta forma no plural: as escrituras sagradas. Na ordem direta, teríamos: As escrituras sagradas dizem (...).

6. No fragmento "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver.", o emprego das aspas justifica-se por:

A) dar ênfase ao trecho.
B) revelar a falta de coerência.
C) fragmentar o discurso do narrador.
D) destacar uma ironia.
E) indicar a citação do discurso alheio.

6. Resposta: E – O uso das aspas em "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver." justifica-se por indicar a citação do discurso alheio, ou seja, transcreve as palavras de Mário Quintana.

7. (adaptada) A acentuação do vocábulo “últimos” no fragmento “Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho...” justifica-se pela mesma regra segundo a qual é acentuada a palavra:

A) inútil.
B) faróis.
C) possível.
D) ética.
E) também.

7. Resposta: D – Os vocábulos "últimos" e "ética" são acentuados pela mesma regra: proparoxítonos (acentuam-se todos os proparoxítonos).

Comentário:

a) Item Errado – inútil: paroxítona terminada em L.
b) Item Errado – faróis: ditongo aberto das oxítonas. Observação: Acentuam-se os ditongos abertos dos monossílabos tônicos (céu, réis, sóis, etc.) e das oxítonas (anzóis, chapéus, papéis, etc.). Com o Acordo ortográfico, não se acentuam mais os ditongos abertos das paroxítonas: claraboia, geleia, estreia, etc.
c) Item Errado – possível: paroxítona terminada em L.
e) Item Errado – também: oxítona terminada em EM.

8. O neologismo "morienterapia" é um vocábulo formado por:

A) derivação sufixal.
B) derivação prefixal.
C) parassíntese.
D) derivação regressiva.
E) composição.

8. Resposta: E – Composição é a formação de palavras que ocorre pela união de dois ou mais radicais. O vocábulo "morienterapia" é uma palavra composta pela união de "moriente" (= agonizante) + terapia.

Comentário: Há dois tipos de composição: aglutinação e justaposição.

1. Aglutinação: há perda ou mudança fonética. Exemplos: planalto (plano + alto) - houve perda do fonema "o" em "plano"; pernilongo (perna + longa) – o fonema "a" (de "perna") mudou para "i", e o fonema "o" (de "longa") mudou para "a"; morienterapia (moriente + terapia) – ocorreu a perda da sílaba "te" (de "moriente").
2. Justaposição: não há alteração de fonemas. Exemplos: pontapé (ponta + pé); bem-me-quer (bem + me + quer).

9. A vírgula é usada para separar o vocativo em:

A) “Nem barcas, nem gaivotas.”
B) "Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.”
C) “Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho.”
D) “Eu também, da minha forma, luto pela vida.”
E) "Papai, quando você morrer...”

9. Resposta: E – Em "Papai, quando você morrer...”, o vocábulo "Papai" é vocativo, pois é o termo que põe em evidência o ser a quem a criança se dirige. Pode ser precedido pela interjeição "Ó" (= "Ó Papai, quando você morrer...”.

Comentário:

a) Item Errado – “Nem barcas, nem gaivotas.” / A vírgula separa a oração coordenativa "nem gaivotas". Com o conectivo "nem" repetido", a vírgula é facultativa.
b) Item Errado – "Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.” / As vírgulas isolam o aposto explicativo "menina de três anos", expressão que desenvolve o sentido do pronome "Ela".
c) Item Errado – “Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho.” / A vírgula separa o predicativo "já velho".
d) Item Errado – “Eu também, da minha forma, luto pela vida.” / As vírgulas, facultativas, separam o adjunto adverbial deslocado "da minha forma".

10. O vocábulo “que” só não é pronome relativo em:

A) “Comunicava-se por meio do único dedo que podia movimentar”
B) “em meio às pessoas que se ama”
C) “Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara”
D) “Minha filha, sei que minha hora está chegando...”
E) “O que sinto é uma enorme tristeza”

10. Resposta: D – No fragmento “Minha filha, sei que minha hora está chegando...”, o vocábulo "que" é conjunção integrante, uma vez que introduz uma oração substantiva. No caso, introduz uma oração objetiva direta. O vocábulo "que é conjunção integrante quando "que" + oração = ISSO: “Minha filha, sei que minha hora está chegando...” = “Minha filha, sei ISSO.

Comentário: O termo "que" é pronome relativo quando retoma um termo anterior; pode ser substituído por "o qual", "os quais", "a qual", "as quais".

a) Item Errado – “Comunicava-se por meio do único dedo que podia movimentar”. / "que" = o qual; retoma "dedo".
b) Item Errado – “em meio às pessoas que se ama”. / "que" = as quais; retoma "pessoas".
c) Item Errado – “Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara”. / "que" = a qual; retoma "pergunta".
e) Item Errado – “O que sinto é uma enorme tristeza”. / "que" = o qual; retoma o pronome demonstrativo "O", equivalente a "Aquilo".

Observação: As próximas questões não faziam parte da prova original.

11. "Já tive medo da morte.".
"Era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai."

Os vocábulos destacados:

A) desempenham a mesma função sintática.
B) são, respectivamente, adjunto adnominal e complemento nominal.
C) são, respectivamente, complemento nominal e adjunto adnominal nominal.
D) são, respectivamente, complemento nominal e objeto indireto.
E) são, respectivamente, adjunto adnominal e objeto indireto.

11. Resposta: A – Nos dois casos, os termos sublinhados exercem a função de complemento nominal:
Em "Já tive medo da morte.", a expressão "da morte" completa o sentido do substantivo abstrato "medo". Observemos que a "morte" é o alvo do "medo" (quem tem medo, tem medo de algo).
Em "Era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai.", o termo "lhe" completa o sentido do adjetivo "insuportável". Na ordem direta, teríamos: A visão do sofrimento do pai era insuportável (adjetivo) a ele (lhe = a ele).

12. "A vida é tão boa! Não quero ir embora...".
Sobre os dois períodos acima, é correto dizer:

A) o primeiro expressa consequência em relação ao segundo.
B) o segundo expressa causa em relação ao primeiro.
C) os dois se opõem semanticamente.
D) os dois mantêm entre si uma relação de adição.
E) o conectivo "visto que" poderia unir adequadamente os dois períodos.

12. Resposta: A – Em "A vida é tão boa! Não quero ir embora...", o primeiro período expressa consequência em relação ao segundo, isto é, o fato de não querer ir embora é a consequência (= efeito) de a vida ser tão boa (= causa).

Comentário:

b), c) e d) Itens Errados – Já vimos na alternativa A que o primeiro período expressa consequência; o segundo, causa.
e) Item Errado – O conectivo que poderia unir adequadamente os dois períodos seria "por isso", "portanto" e sinônimos, indicando consequência: "A vida é tão boa, por isso não quero ir embora..."

13. No trecho 'Não chore, que eu vou te abraçar...', o conectivo "que" é:

A) pronome relativo.
B) conjunção integrante.
C) conjunção explicativa.
D) conjunção causal.
E) advérbio.

13. Resposta: C – No trecho 'Não chore, que eu vou te abraçar...', o conectivo "que" , equivalente a "pois", é conjunção explicativa, já que introduz a justificativa para o que se afirma na oração anterior.

14. No período "Não sabia o que dizer", o termo "o":

A) é pronome pessoal.
B) exerce função sintática de objeto direto da oração adjetiva restritiva.
C) exerce função sintática de objeto direto da oração principal.
D) exerce função sintática de objeto direto da oração adjetiva restritiva.
E) é pronome pessoal oblíquo.

14. Resposta: C – No período "Não sabia o que dizer", o termo "o", equivalente a "aquilo", é pronome demonstrativo.

Comentário: Analisemos sintaticamente o período "Não sabia o que dizer":
Primeira oração (= oração principal): Não sabemos o (= aquilo). / sujeito: Nós (subentendido pela desinência verbal "mos"; núcleo do predicado verbal: sabemos; objeto direto: o (= aquilo) (quem sabe, sabe algo; "o" completa o sentido do verbo "saber").
Segunda oração (oração adjetiva restritiva, pois é iniciada pelo pronome relativo "que"; essa oração restringe o sentido do pronome demonstrativo "o"): que (= o = aquilo) dizer. / Ordem direta: dizer que (= o = aquilo); como "que" completa o sentido do verbo dizer, é objeto direto. Observemos que o pronome relativo "que" é o objeto direto gramatical do verbo "dizer", representando semanticamente o vocábulo "o".

15. "Dona Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. Vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou medos. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura."(l. 15-17)
Sobre os três períodos acima, é correto afirmar que:

A) o 1° é narrativo, e o 2° e o 3°, descritivos.
B) o 1° é descritivo, e o 2° e o 3°, narrativos.
D) o 1° e o 2° são narrativos, e o 3°, descritivo.
C) o 1° é descritivo, e o 2° e 3°, argumentativos.
E) o 1° e o 2° são descritivos, e o 3°, argumentativos.

15. Resposta: C – O primeiro período e o terceiro são descritivos. Observemos que o autor caracteriza a personagem "Dona Clara". Nesses dois períodos não há mudança de estado (a personagem é caracterizada num determinado momento), por isso não ocorre narração; os verbos no pretérito imperfeito ("era" e "vivia") são marcas descritivas; a presença do predicado nominal (primeiro período) também é característica da descrição; a presença de predicativo (velhinha) e de adjuntos adnominais (de 95 anos, mansa) dão expressividade à descrição.
O terceiro período é narrativo. A sequência narrativa é caracterizada pela mudança temporal, indicando transformação do estado inicial. Observemos que a locução adverbial "De repente" indica que ocorreu uma mudança de situação inicial; o verbo no pretérito perfeito, indicando uma sucessividade de ações, é uma das características das sequências narrativas.

16. "Eram 6h. Minha filha me acordou.".
"Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: (...)".
"Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue.".
O pronome "me", nas três ocorrências, exerce a função sintática de:

A) direto nas três ocorrências.
B) objeto direto, objeto indireto, objeto indireto, respectivamente.
C) objeto indireto nas três ocorrências.
D) objeto indireto, objeto indireto, objeto direto, respectivamente.
E) objeto indireto, objeto direto, objeto direto, respectivamente.

16. Resposta: B – O pronome "me", nas três ocorrências, exerce a função sintática de objeto direto, objeto indireto, objeto indireto, respectivamente.

Comentário: Em "Eram 6h. Minha filha me acordou.", o verbo "acordar" é transitivo direto (quem acorda, acorda alguém), portanto "me" é objeto direto. No trecho "Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: (...), o verbo "fazer é transitivo direto e indireto: fazer algo (= a pergunta > objeto direto) a alguém (= me > objeto indireto). No período "Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue.", o verbo "dizer" é transitivo direto e indireto: dizer algo (= que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue > objeto direto) a alguém (= me > objeto indireto.

17. No trecho "Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara:", o segundo verbo está no pretérito mais-que-perfeito do indicativo visto que:

A) exprime uma ação durativa.
B) exprime probabilidade sobre fatos atuais.
C) exprime um fato passado habitual.
D) exprime uma ação concluída.
E) indica uma ação uma ação anterior a outra ação passada.

17 Resposta: E – A forma verbal "imaginara", pretérito mais-que-perfeito do indicativo, indica que a ação de "imaginar" ocorreu antes de "fazer a pergunta". Sabemos que, quando ocorrem duas ações, o pretérito mais-que-perfeito indica a ação anterior, e o pretérito perfeito, a posterior. Exemplo: Quando você chegou, a aula já começara (ou tinha começado): Primeiro, começou a aula; depois, você chegou.

18. No fragmento 'Que pena a vida ser só isto...', o vocábulo "Que" classifica-se como:

A) pronome indefinido adjetivo.
B) advérbio.
C) pronome relativo.
D) preposição.
E) conjunção explicativa.

18. Resposta: A – Em 'Que pena a vida ser só isto...', o vocábulo "Que" classifica-se como pronome indefinido adjetivo, visto que precede o substantivo "pena"; exerce a função de adjunto adnominal.

19. "O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono de mim mesmo;(...)".
O termo em destaque pode haja alteração de sentido, por:

A) porquanto.
B) conquanto.
C) se bem que.
D) posto que.
E) portanto.

19. Resposta: A – A oração "porque já não sou mais dono de mim mesmo" indica a razão do que se afirma na oração anterior (sem que eu nada possa fazer), ou seja, o autor não pode fazer nada visto que já não é dono de si mesmo. Assim, o conectivo "porque" é causal, podendo ser substituído pelos sinônimos "porquanto", "visto que", "pois", "já que", "uma vez que", etc.

Comentário:

b) Item Errado – conquanto: conjunção concessiva;
c) Item Errado – se bem que: conjunção concessiva;
d) Item Errado – posto que : conjunção concessiva;
e) Item Errado – portanto: conjunção conclusiva.

20. "O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que meu pai não sofra?".
"O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, (...)".
Nas frases acima, os conectivos sublinhados expressam, respectivamente:

A) finalidade e modo.
B) finalidade e oposição.
C) causa e consequência.
D) consequência e oposição.
E) finalidade e consequência.

20. Resposta: A – Nas frases acima, os conectivos sublinhados expressam, respectivamente: finalidade e modo.

Comentário:

"O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que meu pai não sofra?". / A finalidade (= objetivo) do aumento da dose dos analgésicos é o fim do sofrimento do pai.
"O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, (...)". / O conectivo “sem que” denota o modo como ocorre o fato expresso na oração principal (De que modo o morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade? Resposta: eu nada possa fazer = desse modo).