sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Prova NCE –SEFAF – ANALISTA DO TESOURO ESTADUAL –AMAZONAS – 2005 – NÍVEL SUPERIOR

Prova comentada por Henrique Nuno


01 - Na “Carta ao Leitor” de 6 de julho de 2005, a revista Veja dizia o seguinte: “O surgimento com destaque no cenário da corrupção do nome de Marcos Valério, detentor de participações em duas agências de publicidade em Belo Horizonte, jogou uma injusta e irreal sombra de desconfiança sobre toda uma atividade. Como todas as demais profissões, a de publicitário incorpora em suas fileiras pessoas de todos os gradientes éticos”. A injustiça referida pela revista deriva de um erro, que se poderia caracterizar como uma:

a) troca da causa pelo efeito;
b) simplificação exagerada;
c) generalização excessiva;
d) fuga do assunto;
e) analogia inadequada.

1. Resposta: C – “Generalização excessiva” significa considerar como regra uma simples exceção: “É uma grande mentira dizer que não se deve dirigir automóvel, caso se tenha ingerido álcool. Meu vizinho vive dirigindo embriagado e nunca sofreu um acidente”. A tese “É uma grande mentira dizer que não se deve dirigir automóvel caso se tenha ingerido álcool” é falaciosa (porque decorre de uma exceção, de um caso particular (meu vizinho). Na realidade, como comprovam as pesquisas, o álcool prejudica os reflexos e tem causado graves acidentes.

A injustiça referida pela revista derivou-se do fato de colocar os publicitários em geral como desonestos, o que é um equívoco.

Comentário:

Vejamos exemplos referentes às outras alternativas:

a) “Troca da causa pelo efeito” consiste em confundir a “causa” com “conseqüência”: A população do país deve escolher seus próprios líderes políticos porque não devemos apontar a liderança iraquiana. .Não é por não devermos apontar a liderança americana (causa) que a população do país deve escolher seus líderes políticos (efeito). Na realidade, não devemos apontar a liderança iraquiana (efeito) porque a população do país deve escolher seus próprios líderes políticos (causa).
Corrigindo: Não devemos apontar a liderança iraquiana, pois a população do país deve escolher seus próprios líderes políticos.

Obs.: “Falsa causa” “consiste em colocar como causa de um fato algo que na verdade não o provocou, mas simplesmente o antecedeu. Nem todo acontecimento que precede outro é causa dele. Uma afirmação como ‘A seleção perdeu porque não jogou com a camisa amarela’ é uma falácia, uma vez que o que é dado como causa (jogar com a camisa amarela) não foi motivo para que a Seleção perdesse”.(Terra & Nicola)

b) “Simplificação exagerada” significa tornar fácil o que, na realidade, é complexo: Se todos aceitassem Jesus, não haveria guerras.

d) “Fuga do assunto” é o desvio do assunto, substituindo-o por outro que não seja pertinente, com o objetivo de comover. Se não podemos fugir das evidências dos fatos, damos uma desculpa. Imaginemos um chefe surpreendendo um subordinado dormindo durante o expediente. Como esse subordinado não tem argumentos para justificar seu erro, diz sempre cumprira seus deveres, era o mais dedicado, mais eficiente, etc.

e) “Analogia inadequada” : “os elementos comparados são diferentes em algum ponto essencial para essa analogia. Ex.: Os estudantes devem ser considerados soldados no quartel, já que a disciplina é indispensável para o trabalho educativo.” (Agostinho Dias Carneiro)

02 - Em entrevista com Alexandre Kalache, coordenador do programa de envelhecimento da OMS, ocorreu o seguinte diálogo:

Veja: A medida da expectativa de vida no mundo, que era de 50 anos em 1900, pulou para 79 anos em 2000. A sociedade está preparada para abrigar tantos idosos?
Kalache: O fato de a humanidade ter acrescentado 29 anos a sua expectativa de vida é a maior conquista do século XX e o grande desafio do século XXI. Em muitos países, mesmo na Europa, ainda persiste a mentalidade de que a população é predominantemente jovem. O sistema de saúde e a infra-estrutura urbana não levam em consideração o aumento acelerado de pessoas na terceira idade. Na França, um país rico, idosos morreram aos milhares durante a onda de calor de 2003. Em 2050 o número de idosos no mundo vai ser equivalente ao de jovens, e é preciso que as sociedades se preparem para essa mudança. O idoso de 2050 não é uma abstração, ele é o jovem de hoje. A geração que atualmente está próxima da aposentadoria talvez mude a forma como entendemos o envelhecimento. O fragmento de texto da entrevista mostra que:

a) o entrevistado não respondeu à pergunta do jornalista e simplesmente repetiu-a em outras palavras;
b) a pergunta não foi formulada de forma conveniente, o que permitiu ao entrevistado responder de forma inadequada;
c) a resposta dada à pergunta particulariza a análise aos países do primeiro mundo, como a França;
d) o entrevistado foge do assunto, dando exemplo de uma situação anterior, que não é compatível com o momento presente;
e) a pergunta é respondida negativamente, justificando o ponto de vista com a análise de países considerados mais desenvolvidos.

2. Resposta: E – O autor responde negativamente à questão. Quando ele afirma que “O sistema de saúde e a infra-estrutura urbana não levam em consideração o aumento acelerado de pessoas na terceira idade”, e que “é preciso que as sociedades se preparem para essa mudança”, quer dizer que a sociedade não está preparada, pois, para estar preparada, deveria possuir um sistema de saúde e infra-estrutura adequado. Quanto à segunda parte da questão, também está correta, já que ele fala de outros países, dando a França como exemplo: “Em muitos países, mesmo na Europa, ainda persiste a mentalidade de que a população é predominantemente jovem. (...) Na França, um país rico, idosos morreram aos milhares durante a onda de calor de 2003”.

Comentário:

a) Já vimos que o entrevistado respondeu à pergunta.
b) A pergunta foi clara, objetiva.
c) O autor exemplifica a resposta, analisando a situação de países ricos, subentendendo-se o seguinte: Se os países ricos não estão preparados, é claro que os países pobres estão menos preparados ainda.
d) O entrevistado respondeu à questão.

03 - Na coluna de um jornalista conhecido de O Globo, de 16 de julho de 2005, saiu publicado o seguinte texto: “A agência do Unibanco, na esquina de José Linhares com Ataulfo de Paiva, no Leblon, no Rio, reservou um caixa só para os idosos”. Legal. Pena que fique no segundo andar e a agência não tenha elevador. Os vovôs e vovós – “ai, meu joelho” – já chiaram à beça. Com razão.” Os dois parágrafos que compõem a notícia se organizam estruturalmente por:

a) comparação;
b) oposição;
c) causa / efeito;
d) concessão;
e) seqüência cronológica.

3. Resposta: B – Há uma oposição entre os dois parágrafos: o Unibanco tomou uma medida simpática, favorecendo os idosos, No entanto (oposição), como fica no segundo andar, e a agência não possui elevadores (e sabemos que muitos idosos têm dificuldade de se locomoverem), essa medida (caixa exclusivo) prejudicou os idosos, ao invés de beneficiá-los.

04 - No mesmo texto da questão 3, o segmento “ai, meu joelho” representa, no contexto em que se encontra:

a) a fala de um idoso freqüentador da referida agência bancária;
b) uma queixa generalizada de idosos na subida da escada;
c) um segmento humorístico relativo à terceira idade;
d) um segmento de uma fala bem mais extensa;
e) a inclusão do jornalista entre os vovôs e vovós. É a fala dos idosos:

4. Resposta: B – O autor usa essa expressão entre aspas, como se fosse uma afirmação (queixa) generalizada.

Comentário:

a) Não se deduz que é a fala de um idoso. É a fala dos idosos: “Os vovôs e vovós já chiaram à beça”.
c) O autor defende os idosos, não faz humor sobre eles.
d) A fala é curta, é uma interjeição.
e) O jornalista não se inclui entre os idosos: usa os verbos na terceira pessoa.

05 - Na contracapa do livro “As Chaves de Salomão”, aparece o seguinte texto: “A maioria das pessoas no mundo judaico-cristão já ouviu diversas histórias a respeito do rei Davi, do Rei Salomão, de Hiram Abiff e da Rainha de Sabá. O que o leitor desconhece, no entanto, é a estreita relação que existe entre eles e os povos egípcio e israelita”. Só NÃO se pode inferir da leitura desse segmento que:

a) o livro pretende informar o leitor sobre pontos por ele desconhecidos;
b) o autor do texto considera os personagens citados como bem conhecidos;
c) os leitores desconhecem parte do que vai ser revelado no livro;
d) um motivo de compra do livro é a curiosidade sobre os dados novos;
e) as relações entre os povos egípcio e israelita já estavam registradas nas histórias tradicionais.

5. Resposta: E – As relações entre os povos egípcio e israelita já estavam registradas nas histórias tradicionais, pois o autor afirma que, ao contrário das personagens citadas, “o leitor desconhece, no entanto, é a estreita relação que existe entre eles e os povos egípcio e israelita”.

Comentário:

a) O livro pretende informar o leitor sobre pontos por ele desconhecidos: a estreita relação das personagens citadas com os povos egípcio e israelita.
b) O autor do texto considera os personagens citados como bem conhecidos: afirma que “A maioria das pessoas no mundo judaico-cristão já ouviu diversas histórias...”.
c) O autor do texto afirma que “O que o leitor desconhece, no entanto, é a estreita relação que existe entre eles e os povos egípcio e israelita”.
d) O fato de o livro conter dados novos é um bom motivo para a compra do livro. Ninguém vai comprar um livro que traz informações já sobejamente conhecidas.

06 – No mesmo texto da questão 5, aparece o segmento “os povos egípcio e israelita”, em que o substantivo aparece no plural e os dois adjetivos no singular. O item abaixo em que os adjetivos

a) as atuais bandeiras brasileira e portuguesa;
b) as séries primeira e segunda do ensino médio;
c) os idiomas francês e inglês;
d) os jornais paulista e carioca da atualidade;
e) os territórios brasileiro e argentino.

6. Resposta: D – Como existe mais de um jornal paulista e mais de um jornal carioca, o que não acontece nas outras alternativas e no enunciado (somente existe um povo egípcio, um povo israelita, uma bandeira brasileira, um idioma francês, etc.), os adjetivos podem ficar no singular ou no plural: os jornais paulista e carioca OU os jornais paulistas e cariocas.

Comentário:

No enunciado, assim como nas demais alternativas, com exceção da d, temos a seguinte regra: quando dois ou mais adjetivos (ou numerais) se referem um substantivo, há duas possibilidades de concordância:

1. Se o substantivo estiver no plural, omite-se o artigo antes dos adjetivos os adjetivos ficam obrigatoriamente no singular: os povos egípcio e israelita / as atuais bandeiras brasileira e portuguesa...
2. Se o substantivo estiver no singular, usa-se artigo antes do substantivo e do segundo adjetivo: o povo egípcio e o israelita, a atual bandeira brasileira e a portuguesa....

07 - O governo do Estado de Goiás fez publicar o seguinte texto: “Goiás é o estado brasileiro que mais atrai os investidores. Não apresenta a degradação estrutural dos velhos centros industriais, tem grande oferta de áreas e distritos e toda infra-estrutura para a logística do escoamento da produção, em direção aos diferentes portos do Atlântico. Tudo muito simples e eficaz. É assim que se caminha para o desenvolvimento”. O item que apresenta uma afirmação INADEQUADA sobre a estrutura ou o conteúdo desse texto é:

a) o primeiro período do texto publicado representa uma conseqüência do que é posteriormente referido;
b) as qualidades do estado de Goiás são parcialmente apresentadas em oposição às dos demais estados brasileiros;
c) os vocábulos “degradação” e “velhos” indicam características pelas quais o estado de Goiás não é marcado;
d) o interesse maior dos investidores está no setor de exportação;
e) a facilidade de exportação do estado de Goiás se prende ao fácil acesso a diferentes oceanos.

7. Resposta: E – A facilidade de exportação do Estado de Goiás se prende ao fácil acesso somente a um oceano: o Atlântico.

Comentário:

a) “Conseqüência” está sempre ligada a “causa”. A partir do segundo período, mostram-se as causas: “Goiás é o estado brasileiro que mais atrai os investidores”: (porque = causa) Não apresenta a degradação estrutural dos velhos centros industriais, tem grande oferta de áreas e distritos e toda infra-estrutura para a logística do escoamento da produção, em direção aos diferentes portos do Atlântico. Tudo muito simples e eficaz”.
b) As qualidades do Estado de Goiás se opõem “à degradação estrutural dos velhos centros industriais”.
c) Esses vocábulos são referentes aos demais estados brasileiros.
d) Deduz-se que o maior interesse dos investidores está no setor de exportação, uma vez que o texto destaca como causa a facilidade de escoamento em direção aos diferentes portos do Atlântico, para que os produtos sejam exportados .

08 - Numa seção de jornal cujo assunto é a saúde, um leitor escreve: “Não sofro mais. Considero-me uma pessoa normal. Esqueci do passado, quero viver o presente. Agora, minha alimentação é totalmente saudável. Não tomo mais bebidas alcoólicas e evito comer doces”. O comentário correto sobre os componentes desse texto é:

(A) o advérbio “mais” reforça a idéia do advérbio “não”;
(B) os adjetivos “normal”, “saudável” e “alcoólicas” têm valor subjetivo;
(C) “passado” e “presente” são substantivos funcionando como adjetivos;
(D) o adjetivo “saudável” está explicado no texto;
(E) as duas ocorrências do advérbio “mais” têm valor semântico distinto.

8. Resposta: D

Comentário:

a) O advérbio “mais” modifica o verbo “sofrer” (sofrer mais / sofrer menos). O advérbio “não” modifica o verbo “sofrer” e o advérbio “mais”.
b) “Valor objetivo” significa racional; “subjetivo”, pessoal (exprime ponto de vista). O adjetivo “normal” tem valor subjetivo (pois pode haver pessoas que não achem esse modo de vida normal); “saudável” também é subjetivo (é ponto de vista, opinião); já o adjetivo “alcoólicas” é objetivo (que têm álcool).
c) Os vocábulos “passado” e “presente” neste caso são substantivos, já que já precedidos de artigo. É caso de “derivação imprópria” (a palavra muda de classe, mantendo a forma).

09 - Num texto publicitário, aparecem os seguintes dizeres, a respeito de determinada marca de televisor: “Os modernos vão adorar. Os econômicos também”. O processo diferente empregado na construção desse texto – caracterizado pela ruptura da oposição entre contrários - se repete em:

(A) Não compre apartamentos baratos. Compre apartamentos bons!
(B) Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje!
(C) Do jeito que o mundo vai, segurem-se!
(D) Nem tudo o que reluz é ouro, mas nossas jóias são!
(E) Entre pagar à vista ou a crédito, escolha não pagar!

9. Resposta: A – “Ruptura” é corte, rompimento. Tanto no enunciado quanto na alternativa a não há conectivo indicando a relação semântica entre as orações: “Não compre apartamentos baratos, (porém) compre apartamentos bons!

10 - Comentando fatos da atualidade nacional, a revista Veja traz o seguinte comentário sobre um dos personagens envolvidos nos escândalos: “Ao depor na Polícia Federal, Valério disse que nunca marcou encontro ‘pessoal ou oficial’ com José Dirceu e, em entrevista publicada na edição passada de Veja, negou que tivesse sido avalista do PT: já está provado que mentiu sobre o aval. Por que falaria a verdade sobre Dirceu?” À pergunta formulada no final do texto, a revista pretende que o leitor chegue à seguinte conclusão:

a) ele está encobertando ações de maior gravidade;
b) ele certamente também mentiria nesse outro caso;
c) ele, nesse caso, não tem como esconder o fato;
d) ele trata de algo sabido;
e) ele não deseja envolver o centro do governo na crise.

10. Resposta: B – Já que ele mentiu sobre o aval, a lógica é que também mentiria sobre Dirceu.

As demais alternativas não têm fundamento.

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